O governo da Venezuela anunciou neste domingo (26) a captura de um grupo de mercenários financiados e coordenados pela Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos. A operação ocorre em paralelo a exercícios militares conjuntos entre Estados Unidos e Trinidad e Tobago, denunciados pelo governo venezuelano como uma provocação colonial destinada a desestabilizar a região e impor a dominação norte-americana no Caribe.
A ação das autoridades venezuelanas revela um complô de falsa bandeira – método clássico do intervencionismo imperialista, em que atos de violência são encenados para justificar agressões contra seus inimigos. De acordo com um comunicado oficial do Ministério das Relações Exteriores, os detidos estariam infiltrados na costa caribenha com o objetivo de simular ataques e atribuí-los falsamente ao governo bolivariano, pavimentando o caminho para uma escalada bélica. Embora detalhes como o número exato de capturas e as datas precisas das detenções permaneçam sob sigilo por razões de segurança nacional, fontes governamentais afirmam que a rede incluía elementos treinados em bases nos EUA e em territórios aliados.
Essa revelação se insere em uma sequência de manobras hostis orquestradas pelo governo de Donald Trump, que, desde sua posse, tem intensificado a pressão contra o presidente Nicolás Maduro. Nesta semana, o navio de guerra USS Gravely, da Marinha dos Estados Unidos, atracou em Port of Spain, capital de Trinidad e Tobago, sob o pretexto de “exercícios de defesa”. Jornalistas da Agence France-Presse (AFP) registraram a presença da embarcação na manhã desta segunda-feira (27), em águas próximas à fronteira marítima venezuelana. Para o governo venezuelano, trata-se de uma operação de agressão militar que transforma o Caribe em um “porta-aviões flutuante” para incursões contra Venezuela, Colômbia e toda a América do Sul.
“A traição de Trinidad e Tobago, sob a liderança da primeira-ministra Kamla Persad-Bissessar, renuncia à soberania nacional e se submete ao jugo imperialista”, disparou a vice-presidente Delcy Rodríguez em nota divulgada pelo governo venezuelano. Rodríguez acusou o governo trinidadense de conivência com a CIA, alertando que essa submissão já resultou na morte de pescadores inocentes do Caribe, vítimas de ataques aéreos e navais dos EUA contra embarcações supostamente ligadas ao narcotráfico – uma campanha mentirosa que serve de justificativa para invadir o território venezuelano.
O comunicado venezuelano mostra o espírito de resistência:
“A Venezuela não aceita ameaças de nenhum governo vassalo dos EUA. Não nos intimidamos com exercícios militares ou gritos de guerra. Nossas Forças Armadas permanecerão alertas e mobilizadas em perfeita unidade contra esta gravíssima provocação. Nossa República defenderá sua soberania, integridade territorial e direito à paz contra inimigos estrangeiros e seus lacaios.”
Desde o golpe fracassado de 2019, patrocinado pelos EUA, a Venezuela enfrenta sanções econômicas criminosas, tentativas de assassinato contra Maduro e operações de desestabilização via ONGs financiadas pela USAID. Recentemente, a intensificação das patrulhas navais no Caribe – que já ceifaram vidas de civis – coincide com a chegada de equipamentos militares avançados a aliados regionais, como Colômbia e Guiana, sob o disfarce de “combate ao crime organizado”.
A comunidade internacional, incluindo aliados como Cuba, Rússia e China, já condenou as manobras como violação do direito internacional, invocando a Resolução 2625 da ONU sobre a proibição da ameaça ou uso da força.





