Reino Unido

Universidade de Cambridge quer proibir apoio à Palestina

Instituição conseguir uma ordem judicial que proíbe protestos pró-Palestina no campus até 26 de julho

Estudantes da Universidade de Cambridge, uma das mais antigas e prestigiadas do Reino Unido, estão sob ameaça de expulsão por apoiarem a causa palestina, após a instituição conseguir uma ordem judicial que proíbe protestos pró-Palestina no campus até 26 de julho. A decisão, tomada pelo juiz Soole na Alta Corte britânica, visa evitar manifestações durante as cerimônias de formatura, mas foi recebida com duras críticas de ativistas e grupos de direitos humanos, que denunciam o ataque à liberdade de expressão. A medida expõe como até mesmo centros acadêmicos de renome tentam calar vozes contra as atrocidades de “Israel” em Gaza.
Esta ordem judicial veio após a universidade alegar risco de “interrupções iminentes” nas formaturas, citando um acampamento montado em 2023 pelo grupo Cambridge for Palestine, que forçou a mudança de local de uma cerimônia. Inicialmente, Cambridge pediu uma proibição de cinco anos, rejeitada por ser excessiva, mas voltou ao tribunal em março para garantir os quatro meses atuais. A repressão coincide com a ofensiva israelense em Gaza, que já matou mais de 61.700 palestinos, segundo autoridades locais, e gerou acusações de genocídio contra Israel.
O grupo Cambridge for Palestine classificou a decisão como “um movimento violento para criminalizar e policiar nosso movimento”. Eles acusam a universidade de tentar abafar críticas a seus investimentos em empresas ligadas aos crimes de guerra de “Israel”. “A tentativa inicial de um veto de cinco anos mostra que o objetivo era sufocar protestos que expõem a cumplicidade da universidade no genocídio”, afirmaram. Para eles, a resistência é mais crucial do que nunca diante da escalada da repressão.
Ben Jamal, diretor da Campanha de Solidariedade à Palestina, também criticou a medida: “em uma semana em que ‘Israel’ rompeu o cessar-fogo e retomou seu ataque genocida em Gaza, Cambridge deveria cortar laços com empresas que violam direitos humanos, não buscar poderes draconianos para silenciar estudantes palestinos e seus apoiadores”. Ele chamou a decisão de “um ataque assustador aos direitos fundamentais de expressão e protesto”. Já o Centro Europeu de Apoio Legal (ELSC) alertou que a ordem viola os direitos dos manifestantes e cria um precedente perigoso para calar dissidências em campi universitários.
A universidade se defende dizendo que o objetivo não é impedir protestos legais, mas garantir o funcionamento das formaturas e o acesso a prédios com informações sigilosas. “A decisão protege o direito dos alunos de se formarem e dos funcionários de trabalharem”, declarou Cambridge ao The New Arab. Eles destacaram que manifestações seguem ocorrendo, como um ato recente fora da igreja Great St Mary’s, enquanto a ordem só cobre áreas específicas, como o Senate House. Mesmo assim, Ruth Ehrlich, da organização Liberty, alertou que o veto pode “restringir gravemente o direito de protesto” e afastar estudantes de movimentos sociais.
O caso não é isolado. Em 2023, a Universidade de Manchester enfrentou críticas por suspender alunos que protestaram contra despejos em alojamentos estudantis, enquanto na UCL, em Londres, ações pró-Palestina também foram reprimidas. Dados da ONG Liberty mostram que, desde 2020, ao menos 15 universidades britânicas adotaram medidas legais contra protestos, muitas vezes mirando causas específicas como a palestina, enquanto atos pró-Ucrânia escapam de restrições. Em Gaza, a guerra já destruiu 80% das escolas e universidades, segundo a ONU.
A perseguição aos estudantes de Cambridge reflete uma onda maior de silenciamento. Os alunos estão na mira por exigirem que a universidade pare de lucrar com a morte em Gaza. A luta deles merece apoio, pois expõe como o poder usa a lei para esmagar quem ousa questionar.

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