Nessa quinta-feira (6), os líderes dos 27 países-membros da União Europeia, reunidos em uma cúpula em Bruxelas, concordaram com um plano da Comissão Europeia para fortalecer seu aparato militar. Apresentado pela presidente da comissão, Ursula von der Leyen, o plano, chamado “Rearmar a Europa”, propõe destinar cerca de 800 bilhões de euros (R$5 trilhões), sendo 150 bilhões de euros (R$930 bilhões) em empréstimos, para fins militares. Em declaração conjunta, os países-membros sublinharam “a necessidade de aumentar substancialmente os gastos com defesa”.
Segundo a imprensa europeia, as formas de financiamento do plano ainda estão em debate. Entre as medidas possíveis, está a possibilidade de os países-membros revogarem o teto de 3% do seu Produto Interno Bruto (PIB) para fins militares. Essa possibilidade oferecida permitiria liberar cerca de 650 bilhões de euros em quatro anos, segundo a Comissão Europeia. Em uma reviravolta outrora inimaginável, a Alemanha, que teve seu exército desmantelado após a Segunda Guerra Mundial, agora está considerando investimentos maciços para fortalecer suas forças armadas.
“Estamos caminhando para uma Europa forte e soberana”, afirmou António Costa, presidente do Conselho Europeu. “Estamos avançando decisivamente para uma Europa de defesa forte e mais soberana”.
Os recursos do novo plano deverão ser utilizados para investir conjuntamente, entre pelo menos dois países-membros, em áreas onde as necessidades são mais urgentes, como defesa aérea, mísseis, veículos aéreos não tripulados (VANTs) e sistemas anti-VANTs, bem como os sistemas de artilharia. Para von der Leyen, com este plano, “os países-membros poderão aumentar massivamente a sua ajuda à Ucrânia”.
Embora tenha sido aprovado somente nessa quinta-feira (6), o “Rearmar a Europa” já havia sido proposto publicamente pela presidente da Comissão Europeia dois dias antes. Na ocasião, ela disse que “uma nova era está sobre nós” e que “a Europa enfrenta um perigo claro e presente em uma escala que nenhum de nós viu em nossa vida adulta”.
O plano anunciado por von der Leyen é uma resposta direta às tentativas do presidente norte-americano, Donald Trump, de forçar a Ucrânia a um acordo de cessar-fogo com a Rússia. O republicano cortou a ajuda militar ao regime do presidente usurpador Vladimir Zelensqui e apelou publicamente para que ele desistisse do conflito, que custou centenas de milhares de vidas ucranianas e mais de meio trilhão de dólares do orçamento norte-americano.
Apesar de Trump ter tentado forçar o acordo, Zelensqui vem resistindo. Em reunião na Casa Branca (sede do governo norte-americano) ocorrida no dia 28 de fevereiro, o ditador ucraniano se queixou do abandono de seu homólogo, causando um bate-boca que foi coberto ao vivo pela imprensa. Após o bate-boca, líderes europeus saíram em sua defesa, indicando que a indisposição de Zelensqui está sendo alimentada pelos governantes europeus, que, por sua vez, são a favor da manutenção da guerra.
Enquanto a relação entre Trump e Zelensqui se mantinha em um impasse, o presidente francês Emmanuel Macron surpreendeu a todos na última quarta-feira (5) com um pronunciamento em que prometia usar armas nucleares para proteger os seus “aliados”, em um claro recado a Trump e ao presidente russo, Vladimir Putin. A declaração bombástica de Macron se somou a uma declaração anterior do líder britânico Keir Starmer, que propôs a mobilização de tropas de seu país para uma ofensiva contra os russos.
Nessa quinta-feira (6), enquanto ocorria a cúpula de Bruxelas, a tensão entre os diferentes personagens envolvidos na guerra aumentou. O secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, disse estar “cautelosamente otimista” sobre a relação entre Ucrânia e Estados Unidos. “As coisas podem evoluir de forma positiva”, disse durante uma coletiva de imprensa em Bruxelas. “O fato de os Estados Unidos e a Ucrânia estarem discutindo, neste exato momento, como avançar é um desenvolvimento positivo”, acrescentou ele após uma reunião com o presidente polonês, Andrzej Duda, na sede da OTAN.
Diretamente da Rússia, Putin advertiu implicitamente Emmanuel Macron após seus comentários sobre a “ameaça” russa. “Ainda há pessoas que querem voltar ao tempo de Napoleão e esquecer como terminou”, disse em um discurso transmitido pela televisão nacional. “Na verdade, todos os erros de nossos inimigos e adversários começaram da mesma maneira: com uma profunda subestimação do caráter russo e, mais amplamente, dos representantes da cultura russa”. Ao mesmo tempo, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, declarou que a Rússia não aceitará um cessar-fogo que seja temporário. “Conversas firmes sobre um acordo final são necessários”, disse ela, caracterizando qualquer forma de trégua curta que permita uma “reorganização” das tropas como “absolutamente inaceitável, porque levará exatamente ao resultado oposto”.
Na Ucrânia, parentes e amigos de supostos prisioneiros de guerra ucranianos protestaram em frente à Embaixada dos Estados Unidos contra a política de Donald Trump. Ao mesmo tempo, Valery Zaluzhni, embaixador da Ucrânia no Reino Unido, disse que “os Estados Unidos estão destruindo a ordem mundial”. Ele ainda declarou que “podemos ver que não é apenas o ‘eixo do mal’ e a Rússia que estão tentando revisar a ordem mundial, mas os Estados Unidos estão destruindo essa ordem”.
Nas redes sociais, o presidente usurpador ucraniano Vladimir Zelensqui escreveu que irá, na próxima segunda-feira, para a Arábia Saudita. A expectativa é que, no país árabe, haja uma nova negociação com o governo norte-americano.