No último dia 18, o União Brasil determinou que todos os seus filiados com cargos no governo Lula entregassem suas posições dentro de 24 horas, sob pena de expulsão do partido. A ordem se dirige a todos os membros, independentemente do nível do cargo ocupado.
A justificativa para a decisão foi a de que é necessário preservar a independência partidária e a coerência da política do partido, conforme resolução assinada pelo presidente da organização política, Antônio Rueda. A decisão fez com que o ministro do Turismo, o deputado federal do Pará Celso Sabino, entregasse sua carta de demissão a Lula no último dia 19.
Além de Sabino, outros nomes que compõem o primeiro escalão e que devem deixar o governo federal são os dos ministros Juscelino Filho (Comunicações) e Waldez Góes (Desenvolvimento Regional), que, apesar de não serem filiados ao União Brasil, foram indicados pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que é do partido.
No dia 2 de setembro, a recém-criada federação União Progressista, da qual o União Brasil faz parte junto com o Progressistas, já havia anunciado que estaria de saída do governo Lula, mas sem nenhuma medida concreta anunciada. A decisão também deve fazer com que o atual ministro dos Esportes e filiado ao Progressistas, André Fufuca, deixe a pasta.
O rompimento com o governo Lula vai além da entrega dos cargos, sendo também um posicionamento de que os partidos estão saindo da base do governo no Congresso Nacional. Isso representa um duro golpe para o governo, dado que, juntos, os dois partidos representam a maior força dentro do parlamento, com 109 deputados e 14 senadores.
A decisão também frustra o desejo de parte do governo federal de contar com o apoio desses partidos para a possível candidatura de Lula às eleições do ano que vem. É importante lembrar que esses partidos nunca apoiaram de fato o governo Lula. Nem mesmo na eleição de 2022, na qual o União Brasil lançou a senadora bolsonarista Soraya Thronicke e ficou neutro no segundo turno, e o Progressistas estava na coligação que apoiou Bolsonaro.
As medidas anunciadas e concretizadas pelos dois partidos direitistas demonstram o grande fracasso, por parte do PT, de tentar formar um governo de Frente Ampla. Desde 2023, o governo federal procurou agradá-los, oferecendo todos os espaços possíveis em nome de um possível apoio dentro do Congresso, com os deputados e senadores desses partidos votando a favor das pautas apoiadas pelo governo. Mas, como já ocorreu inúmeras vezes, a direita nunca estará satisfeita e agora dá uma espécie de pequeno golpe contra o governo com essa retirada.
Assim como na outra vez em que esteve no governo federal, o PT comete o mesmo erro de buscar o apoio dos partidos direitistas, em vez de buscar o apoio dos sindicatos e dos trabalhadores para resistir às pressões da burguesia.





