Neste domingo (2), foi encerrada a 52ª Universidade de Férias do PCO. O dia contou com a última aula do curso tratando da crise do imperialismo a partir da guerra do Iraque, bem como do avanço tanto da política ‘woke’ quanto da extrema direita mundial. Logo após a aula foi servido um delicioso churrasco para fechar com chave de ouro. Os militantes de todo o Brasil depois voltaram para seus estados após 9 dias de diversão, formação política e convivência socialista.
Na última aula do curso Rui Costa Pimenta, o presidente do PCO, tratou da invasão do Iraque. Ele afirmou: “a última crise do imperialismo é a invasão do Iraque pelos EUA e Reino Unido em 2003. Esse é o ato culminante da ofensiva neoliberal. Em 1994 o Congresso dos EUA é totalmente dominado pela direita neoliberal. Essa direita organiza a operação no Iraque. Os neocons eram a cabeça do governo, é um dos setores mais agressivos da história da política dos EUA. Eles são da ala institucional do Partido Republicano, não havia extrema direita naquele momento. Essa seria a afirmação definitiva do imperialismo sobre o mundo. Mas a ilusão não dura muito. Eles invadem o Iraque, derrubam o Sadam Hussein, ocupam o país mas não conseguem sustentar a ocupação. Em 2007 fica claro que não é possível segurar a situação e assim começa o período de crise que vivemos hoje”.
E ele seguiu falando de outras derrotas: “dois acontecimentos internacionais colocaram em relevo a fragilidade do imperialismo: a derrota no Afeganistão e a operação russa na Ucrânia. Esses dois casos demonstram a que nível de profundidade essa crise chegou. A derrota no Iraque foi desastrosa, foram derrotados por guerrilheiros. No Afeganistão foi muito pior. A guerrilha do Afeganistão é uma das coisas mais primitivas que se pode imaginar. A guerrilha do Talibã era quase uma guerrilha do século XIX e ainda assim venceram. Eles tomaram conta de Cabul em uma insurreição que os EUA não conseguiram parar. Foi muito humilhante, mostrou que o imperialismo é incapaz de controlar qualquer coisa”.
Depois Rui Pimenta explicou como essa crise do imperialismo levou ao crescimento da política woke bem como da extrema direita mundial: “a extrema direita se afirma como uma expressão da crise política de autoridade do imperialismo. Ela surge de dentro do imperialismo. A política neoliberal é uma exacerbação das tendências mais autoritárias dos democratas. O neoliberalismo é a ‘vitória do capitalismo contra o comunismo’, é muito reacionário. É uma tendêncai anti-comunista, e isso é a essência de todo o fascismo”.
E depois explica o identitarismo: “a ideologia identitária surge de uma série de ideologias acadêmicas. Escola de Frankfurt, estruturalismo e pós-estruturalismo. São teorias direitistas, apesar da EdF se apresentar como marxista. São teorias dos acadêmicos pequeno burgueses que politicamente tiveram uma posição reacionária e o centro das teorias é deslocar a preocupação da luta de classes para um poder que não tem uma forma definida. Um setor fala das estruturas sociais, políticas e jurídicas. A estrutura é como o espírito santo. Onde está? Quem é? Eles transformam a opressão em algo abstrato. O racismo estrutural decente disso. A tese é: você não precisa lutar contra o grande capital, o racismo está em todo o lugar. O seu Joaquim da esquina é racismo, a forma como você come é racista, etc. O mérito dela é que você não luta contra o Estado capitalista, luta contra um fantasma”.
Preparando o Partido para um ano de lutas
Uriel Schramm, dirigente do PCO em São Paulo, comentou: “eu acho que esta edição teve um grande destaque em relação às últimas edições. A maior parte dos companheiros, se já não eram militantes dedicados na luta junto ao PCO, tornaram-se. Muitos companheiros novos conheceram o partido, nossa política, nossa formação e já se comprometeram a fazer um trabalho com muito mais afinco neste ano”.
E continuou: “o acampamento, além de ser uma atividade excelente de formação política, integração e socialização entre os companheiros de todo o país, também é um centro organizador do partido para o início deste ano. Com base no curso, vimos que este começo de ano será muito agitado. Já começou com a vitória do Hamas, que abre possibilidades infinitas para mobilização, crescimento partidário e lutas tanto internacionais quanto aqui no Brasil”.
Ele conclui: “além disso, o acampamento foi muito divertido, com diversas atividades de socialização. Tivemos a presença de companheiros jovens e novos, interessados em conhecer o partido, assim como dos companheiros de Recife, do coletivo Aurora Oprimido de Brasília, dos movimentos populares de Curitiba e de lideranças importantes que estão se juntando ao trabalho do PCO. Também contamos com a participação dos companheiros da FNL, da região de Sorocaba”.
Já Izadora Diaz, militante de São Paulo, destacou: “participei da Comissão de Organização Geral da Cozinha. O trabalho na cozinha é um dos aspectos que refletem como o nosso acampamento busca proporcionar uma experiência socialista. Todo mundo que participa do acampamento tem um dia designado para trabalhar na cozinha, ajudando a preparar o café da manhã, o almoço e o jantar.
Isso é importante porque, além de possibilitar a integração entre os companheiros, permite que aqueles que não têm experiência com a cozinha ou com o preparo de alimentos para muitas pessoas adquiram esse conhecimento dentro do nosso acampamento. Eles também percebem que a comida que chega à mesa nos dias em que não estão trabalhando só é possível graças a um esforço coletivo para garantir a alimentação de todos”.
Diaz frisou como as refeições foram um dos pontos altos da atividade com diferentes pratos de variadas culinárias sendo servidos todos os dias: “além da tradicional feijoada, servimos pratos como macarrão à carbonara, ao pesto e bacalhau à Gomes de Sá, além de promovermos noites temáticas. Já tivemos noites de comida árabe, a noite do ceviche — que é um prato típico da culinária peruana — e também noites de comida mexicana. Isso é interessante porque muitos companheiros nunca tiveram a oportunidade de experimentar essas culinárias e acabam conhecendo novos sabores no acampamento. Defendemos que, além de a classe operária ter direito a todas as refeições do dia, essa alimentação deve ser variada e de alta qualidade”.
Ela concluiu: “a experiência no acampamento é, nesse sentido, bastante completa. Além de toda a diversão, realizamos campeonatos de jogos, contamos com o ambiente da piscina, que é muito aproveitado no verão, e também promovemos momentos de estudo durante o curso, aprendizado de culinária e experiências de trabalho coletivo”.