A escalada de tensões entre o governo norte-americano e o regime chavista na Venezuela inaugura uma nova etapa na luta entre os povos oprimidos na América Latina e o imperialismo. Pela primeira vez em mais de duas décadas, uma intervenção militar direta dos Estados Unidos em um país da região está colocada na ordem do dia, como aconteceu em 1989 com a ocupação do Panamá.
Essa nova etapa, por sua vez, não é um raio em céu azul. É a continuidade de um processo iniciado em 2009, quando o imperialismo, profundamente abalado pela crise econômica, iniciou uma operação para disciplinar os governos latino-americanos. Daquele período em diante, ocorreram dezenas de golpes de Estado, alguns de caráter mais institucional, como o golpe no Paraguai e no Brasil, e alguns mais violentos, como o golpe na Bolívia.
Esses golpes, no entanto, não foram suficientes para que o imperialismo conquistasse os seus objetivos. Em países como Argentina, Brasil, Colômbia e Peru, o grande capital foi obrigado a recuar parcialmente, permitindo a vitória eleitoral de partidos de inclinação imperialista. Os governos de maior choque contra a população — Argentina e Equador — vêm enfrentando uma perda de popularidade que pode dar lugar a uma nova crise política.
A situação internacional, por outro lado, empurra o imperialismo para uma política de maior agressividade na região que sempre foi considerada o seu “quintal”. Após sucessivas derrotas militares, tornou-se urgente para o imperialismo conseguir estabelecer regimes estáveis que sirvam de apoio para a sua política na América Latina. A situação caminha para um acirramento da luta de classes, e não de uma pacificação. As ameaças militares à Venezuela deverão se estender a todo o continente americano no próximo período.
A época de golpes de Estado relativamente pacíficos ficou para trás. Agora, a América Latina entra em uma etapa abertamente violenta, que já foi anunciada pela selvageria sionista em Gaza.




