Dizem que errar é humano, mas persistir no erro seria burrice. Então, fica a questão: para quê insistir em monitorar, regular o Pix, se essa medida fez cair em muitos pontos a popularidade do governo Lula?
Embora o governo tenha insistido que não tinha segundas intenções com relação ao Pix, que não haveria taxação, por que recuou da medida?
Ficou muito claro que isso é uma exigência do sistema financeiro que ficou contrariado ao ponto de o Estadão publicar uma análise sob o título: “Recuo do monitoramento do Pix é uma aula de como não enfrentar uma crise”.
Nova ofensiva na imprensa
A pressão contra o governo continua e a imprensa burguesa faz sua tradicional propaganda. No portal Poder 360, por exemplo, publicaram que 8 milhões de chaves Pix de pessoa física são irregulares no Fisco, diz BC. A desculpa de irregularidades foi utilizada para o governo cortar benefícios de Bolsa Família, programas sociais, tudo conforme os interesses dos bancos, que querem garantias para o pagamento dos juros criminosos da dívida pública.
Na matéria aparecem diversos números. Por exemplo:
• chaves Pix de pessoas físicas – 796 milhões são cadastradas no BC, segundo dados de fevereiro;
• regulares – 99% do total cadastrado está com a “ficha limpa” no Fisco;
• irregulares – representam 1% do total, ou seja, os 7,9 milhões.
Junto a isso, explicam que “as principais irregularidades detectadas foram erros de grafia”. Dizem que O BC mandou desativar as chaves pertencentes a CPFs (Cadastros Nacionais de Pessoas Físicas) – com a situação cadastral “suspensa”, “cancelada”, “titular falecido” e “nula”; CNPJs (Cadastros Nacionais de Pessoas Jurídicas) – com as categorias “suspensa”, “inapta”, “baixada” e “nula”. E, claro, que “O Banco Central afirma que as mudanças vieram com o objetivo de evitar golpes e fraudes. As instituições podem ser punidas se não seguirem a nova norma”.
Percepção do trabalhador
Embora se faça toda uma propaganda e das ‘boas intenções’ do Banco Central (sob controle dos banqueiros), o trabalhador sente, com razão, que está sendo enganado.
A primeira tentativa de se mexer no Pix abriu uma enorme oportunidade para a oposição bolsonarista atacar o governo. Muitos acreditam que foi o próprio Bolsonaro que teria criado o Pix.
Embora o governo tenha corrido para explicar que nada seria mudado, o povo não é bobo e, como diz o ditado, “Cachorro mordido por cobra tem medo de linguiça”. O raciocínio é lógico, se nada vai mudar, para que mexer?
Mais desgaste para Lula
Essa nova investida contra o Pix só vai colocar mais uma pá de terra sobre a popularidade de Lula. Para o imperialismo isso é ótimo, pois enquanto o governa despenca, também correm atrás de Bolsonaro.
Nesta semana, a capa da Veja deixou claro quais são os planos da burguesia: “Nem Lula, nem Bolsonaro”, querem colocar no poder um Milei brasileiro. Por enquanto o nome ventilado é o de Tarcísio, um privatista feroz e ex-militar. Um sujeito sem base social e fácil de manipular.
O governo Lula está tentando fazer acordos com a direita, mas a direita o está fritando. Não existe acordo possível, a menos, talvez, que o governo vá totalmente para a direita. O que não parece possível, pois o PT teria que romper com toda sua base.
O que fazer?
Desde o início, quando ainda se lançava a candidatura de Lula à presidência, dissemos que só seria possível enfrentar a burguesia com o apoio da classe trabalhadora. Em vez disso, Lula e o PT preferiram fazer acordos por cima e este se tornou um governo emparedado e pressionado por todos os lados.
A grande imprensa continuará desgastando o governo, vai manipular as pesquisas e, pelo andar da carruagem, nem se pode duvidar que Lula, com uma derrota em vista, desista de se candidatar e lance outro candidato.
Qualquer saída pela esquerda para atual administração dependerá de sua disposição de se apoiar na classe trabalhadora. E não será melhorando a “comunicação”, mas sim com medidas que favoreçam a classe trabalhadora, não o mercado financeiro.
Até o momento, não se vê qualquer reação do governo. A burguesia, por sua vez, tem jogado suas fichas e se sente confiante, ao ponto de revelar seus planos para as próximas eleições.