Supremo Tribunal Federal

Uma defesa dissimulada dos crimes do STF

Grupo tenta criticar Bolsonaro e o Judiciário ao mesmo tempo, mas não esconde sua predileção pelo último

No artigo STF determina uso de tornozeleira eletrônica por Bolsonaro, que é alvo de novas medidas restritivas, publicado em 18 de julho pelo Esquerda Diário, o Movimento Revolucionário dos Trabalhadores (MRT), grupo que administra o portal, tenta dissimular sua política em relação a perseguição em curso contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Nos três primeiros parágrafos, o grupo procura utilizar um registro imparcial: “após a Polícia Federal afirmar ter evidências [grifo nosso]”, “a PF afirmou”, “há suspeitas de que Bolsonaro” etc. Mesmo assim, na medida em que não critica minimamente a atuação da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal (STF), que cometeram uma série de ilegalidades, o MRT está se revelando completamente parcial, defendendo o lado das instituições golpistas do País.

O MRT, propositalmente, não critica o fato de que Alexandre de Moraes, ministro do STF, determinou as medidas cautelares contra Bolsonaro com base em publicações nas redes sociais e declarações na imprensa:

“A ousadia criminosa parece não ter limites, com as diversas postagens em redes sociais e declarações na imprensa atentatórias à soberania nacional e à independência do Poder Judiciário.”

O problema não está, contudo, apenas no que o MRT omite. A partir do quarto parágrafo, o grupo apresenta aquela que seria a sua análise, ainda que de forma muito breve.

“Essas medidas acontecem logo depois do aumento das tensões entre Brasil e Estados Unidos, devido às tentativas de ingerência do governo Trump. Uma política imperialista que busca favorecer a extrema-direita no Brasil e que deve ser combatida frontalmente.”

De fato, as medidas ocorreram após o aumento das tensões entre o governo brasileiro e o governo norte-americano. No entanto, elas não surgiram a partir das “tentativas de ingerência do governo Trump”. As tensões foram originadas pela ingerência constante do imperialismo norte-americano, representado de maneira mais bem acabada pelo Partido Democrata, rival de Donald Trump. Essa ingerência foi admitida pelo atual presidente do STF, Luís Roberto Barroso.

Foi a ingerência norte-americana sobre o Brasil, exercida pelo STF, que causou a atual tensão entre os dois governos. Trump, ainda que de maneira truculenta e criminosa, está, na verdade, reagindo à política geral do imperialismo, que procura interferir na política de todos os países do mundo para isolar a dissidência.

A ingerência de Trump deve ser combatida, sim, mas não porque ela “busca favorecer a extrema-direita no Brasil”. Ela deve ser combatida porque ela fortalece a ingerência estrangeira sobre o País.

Ao não fazer essa distinção fundamental, o MRT estabelece como inimigos fundamentais do povo brasileiro Donald Trump e a “extrema-direita”, e não o imperialismo. Para o grupo, é preocupante que Trump seja um aliado de Jair Bolsonaro, e não que ele, por governar o país mais poderoso do mundo, esteja tentando pressionar as instituições brasileiras. Tanto é assim que, quando os rivais de Trump interferiram diretamente no processo eleitoral brasileiro, o MRT não se insurgiu.

Omitir o papel do imperialismo na situação política nacional serve a um único propósito: defender os seus interesses no Brasil. E é por isso que a única serventia do artigo do Esquerda Diário é justificar o cerco do grande capital a Jair Bolsonaro. Tudo isso fica ainda mais claro quando o artigo, no final, cita uma tal Diana Assunção, dirigente do MRT, que diz:

“Bolsonaro tem que ser punido por todo seu legado reacionário, que inclui ataques e reformas contra a nossa classe. Agora o judiciário se coloca contra Bolsonaro, mas foram os que permitiram sua ascensão com o golpe institucional e a prisão de Lula.”

Que adiante dizer, hoje, que Bolsonaro tem que ser punido? Por acaso está em marcha no Brasil um movimento que questione os crimes reais cometidos por Bolsonaro, como a privatização da Eletrobrás e a reforma da Previdência? Não. O debate hoje é se o Judiciário, como representante dos interesses do grande capital, será bem sucedido ou não em sua tentativa de controlar o regime. E, no que depender do MRT, será.

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