Editorial

Um tribunal de bonecas

Ministros da mais alta Corte do País se desmancham diante das sanções de brinquedo impostas por Donald Trump

O despacho de Alexandre de Moraes ordenando a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), muito longe de refletir uma suposta valentia do Supremo Tribunal Federal (STF), escancara a sua fraqueza. Moraes se viu obrigado a tomar uma medida drástica contra Bolsonaro, ainda que sabendo que isso aumentaria a crise política no País, porque tem consciência de que a sua situação é cada vez mais delicada.

Eventos ocorridos nos últimos dias esclareceram o que de fato acontece em Brasília. O presidente Lula, por diversas vezes, tentou negociar com o seu homólogo norte-americano, Donald Trump, acerca das novas tarifas de importação impostas ao Brasil. Esse fato mostra, por si só, a capitulação do presidente da República, uma vez que a única postura possível para um país soberano seria a de se recusar a negociar qualquer questão com o governo norte-americano enquanto este não voltasse atrás em sua tentativa de interferir no funcionamento do Estado brasileiro. Afinal, Trump declarou explicitamente que o objetivo das tarifas seria pressionar o Judiciário brasileiro a rever o processo contra Bolsonaro.

A postura submissa de Lula ficou ainda mais escancarada quando ele mesmo, em público, declarou que tinha um “limite” na “briga” com Trump, e que a situação exigia “cautela”. Não há limite na defesa do País, e a República Islâmica do Irã provou isso. Mesmo sendo bombardeada pelo sionismo e pelo imperialismo, a República Islâmica não se dobrou às ordens de seus inimigos, mobilizou o seu povo, armou seu exército e denunciou as intenções maléficas de quem a atacava.

Negociar com o governo Trump, nas atuais circunstâncias, já é uma capitulação. E essa capitulação, por sua vez, vem não apenas da pressão do governo norte-americano, mas também de setores da burguesia brasileira, que será afetada pelo “tarifaço”,

As mesmas pressões operam sobre os ministros do STF. Com a aplicação da Lei Magnitsky contra Moraes, que prevê um conjunto de sanções econômicas, a crise escalou exponencialmente.

Prova disso é que Lula tentou reunir os ministros em um jantar para demonstrar apoio a Moraes, mas conseguiu reunir apenas metade da Corte. Ao mesmo tempo, o presidente do tribunal, Luís Roberto Barroso, propôs um manifesto contra a ação de Trump, mas não conseguiu o apoio da maioria de seus colegas.

Os ministros estão com medo da pressão de Trump, e se apoiam na indisposição de setores da burguesia contra o “tarifaço” para se opor à política que vinha sendo implementada pela Corte. Os ministros estão demonstrando ao Brasil que sua “luta contra o fascismo” vai até o momento em que os seus gordos salários estiverem garantidos. É uma vergonha.

Ajoelhar-se perante um inimigo que ameaça o País com canhões já seria vergonhoso. Mas sequer é isso o que fazem os ministros e o próprio presidente da República. O STF está abrindo mão da política que vem levando a cabo por anos simplesmente porque seus ministros têm medo de meia dúzia de sanções econômicas. Têm medo de não poderem viajar para os Estados Unidos nas férias, de não poder usar cartão de crédito e outras coisas menores.

Nem mesmo as tarifas podem ser evocadas como um “ataque” à economia nacional. São um expediente normal das relações comerciais entre os países. Em comparação ao que o imperialismo já aprontou no Brasil ao longo dos últimos anos, a “guerra” de Trump é uma guerra de brinquedo.

Assim como é de brinquedo este STF. Seus ministros, que se mostraram muito valentes para condenar pessoas simples a mais de 10 anos de cadeia por participar de um ato público, agora enfiam o rabo entre as pernas. Imaginem se o País estivesse sob uma ameaça fascista real, onde estariam os heroicos ministros…

Na mais alta Corte do País, figuram 11 bonecas.

A decisão ilegal de Moraes apenas escancara a falta de coesão entre os ministros da Corte. Diante de uma situação cada vez mais desfavorável e vendo os próprios colegas virando as costas, o ministro foi obrigado a escalar a crise.

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