No curioso artigo Vamos construir um 1° de Maio de luta, classista e internacionalista!, a Central Popular Sindical (CSP) Conlutas, a central de brinquedo fundada pelo Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), apresenta sua política para o Primeiro de Maio, dia internacional de luta da classe operária.
O artigo é a continuidade da mesma política que levou à fundação da CSP-Conlutas: uma campanha intriguenta contra a Central Única dos Trabalhadores (CUT), que visa afastar a classe operária brasileira de uma das armas mais poderosas que já construiu, sem apresentar qualquer perspectiva revolucionária para que esta supere os seus problemas.
O texto anuncia um “primeiro de maio” “classista”, “independente”, “internacionalista”. Isto é, um Primeiro de Maio supostamente revolucionário, que estaria em oposição aos atos de Primeiro de Maio que serão realizados no País.
A CSP-Conlutas se exime de analisar o conteúdo dos demais atos. Apenas insinua que eles estariam a reboque da política de frente ampla do governo Lula:
“No Brasil, o governo da Frente Ampla de Lula/Alckmin atua em pleno acordo com os interesses dos grandes capitalistas, ainda que, no discurso, tente afirmar o contrário.
O governo Lula sobrevive da conciliação com a ultradireita, em vez de enfrentá-la, o que na prática colabora para o seu fortalecimento. As necessidades dos trabalhadores não cabem na política econômica do governo Lula, que vem fazendo tudo que o mercado quer!”
Apesar da terminologia desnecessariamente antipetista, a crítica da CSP-Conlutas está correta. O governo Lula é um governo de frente ampla e esta frente – ou, mais especificamente, a ala direita desta frente, que coloca a esquerda a seu reboque – é o que impede um real enfrentamento com a extrema direita e o que acaba levando a uma série de ataques econômicos contra os trabalhadores.
A questão é: frente a isso, o que fazer?
O normal seria organizar os trabalhadores em torno de reivindicações que combatam os maiores inimigos dos trabalhadores – que, não por coincidência, são justamente aqueles que se localizam na ala direita da frente ampla. Isto é, o imperialismo, os grandes bancos, os especuladores.
Se a CSP-Conlutas fizesse isso, poderia chamar seu ato de “classista”, “independente” e “internacionalista”. Seria classista porque defenderia os interesses da classe operária. Seria independente porque não ficaria a reboque da direita. Seria internacionalista porque seria anti-imperialista.
Mas não é a isso que a “central” se propõe. Basta uma rápida análise das suas reivindicações para perceber que a proposta do PSTU não difere, em essência, da política de frente ampla.
“Combater de verdade a crise climática. Defender as florestas e o Ibama. Não à exploração de petróleo na Margem Equatorial! Basta de transformar a floresta amazônica e o cerrado em pasto e plantação de soja.”
Por que “combater a crise climática” seria uma reivindicação classista? Afinal, a única coisa que se sabe é que a grande imprensa, porta-voz do imperialismo, propaga que existe um tal “aquecimento global”. O real efeito disto nunca foi comprovado, de modo que, antes de aparecer em uma reivindicação da classe operária, deveria ser minuciosamente estudado.
O motivo de a burguesia levantar esse problema está na frase seguinte: defender o Ibama! Ora, mas por que o Ibama representaria os interesses da classe operária? O Ibama é apenas uma autarquia, um órgão técnico do Poder Executivo. E que, neste momento, está atuando no sentido de impedir que o governo federal explore o petróleo na Margem Equatorial.
O próprio texto entra neste tema a seguir: “não à exploração de petróleo na Margem Equatorial”. Traduzamos: que o petróleo brasileiro não fique com os brasileiros. Que só explore o petróleo aqueles países completamente dominados pela Chevron e pelas grandes petroleiras!
É uma política abertamente pró-imperialista. É, neste sentido, pior do que a própria política do governo Lula nesta questão. O presidente, afinal, defende a exploração do petróleo – e, por isso, está sendo sabotado pelo Ibama.
Lula tem um programa nacionalista que é sabotado pela frente ampla. A CSP-Conlutas, por sua vez, tem um programa abertamente pró-imperialista. Ir às ruas no Primeiro de Maio para protestar contra a exploração do petróleo é o mesmo que chamar um dia do trabalhador em defesa dos inimigos do trabalhador.
Este não é o único exemplo da política pró-imperialista do PSTU.
“Todo apoio à resistência ucraniana! Fora Putin e Trump da Ucrânia! Defesa da integridade territorial da Ucrânia!”
Também de maneira escancarada, a CSP-Conlutas defende a “resistência ucraniana” – isto é, as milícias de extrema direita, comandadas por um governo capacho do imperialismo. Mais ainda: milícias fascistas que não apenas oprimem o povo ucraniano, como estão sendo utilizadas para sustentar um regime cuja única política é a de hostilizar a Rússia.
Uma vez mais, somos obrigados a dizer: o Primeiro de Maio “internacionalista” da CSP-Conlutas é o Primeiro de Maio de aliança com os patrões. Neste caso, os patrões imperialistas, inimigos de toda a humanidade.
No fim das contas, não há nada de revolucionário, mas uma política duplamente contrarrevolucionária. Com uma mão, a CSP-Conlutas faz uma campanha contra a CUT, que é uma organização capaz de unificar diversos segmentos da classe operária. Com a outra, endossa a política criminosa e genocida do imperialismo.