No artigo Bolsonaro na prisão é fazer Justiça, o jornalista Fernando Lavieri recorre a um argumento já bastante utilizado por outros articulistas da esquerda pequeno-burguesa no último período: o de que a condenação de Jair Bolsonaro (PL) estaria justificada por causa de suas opiniões. Diz ele:
“Ao votar ‘pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff’, o ex-presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, o inominável, declarou a todo o mundo quem ele é de fato e o que pretendia. Por pusilanimidade de seus pares passou ileso pelo crime e pela infeliz lembrança. Ele é defensor do arbítrio, racismo, genocídio, da barbárie, desumanidade, em resumo, é apoiador sem meias palavras ou vergonha, de uma das grandes desgraças que ocorreu no País, a ditadura militar.”
O que o autor não fala, no entanto, é que o julgamento de Bolsonaro nada tem a ver com isso. Ele não está sendo processado, por exemplo, por ter praticado “racismo” ou “genocídio”. Ele está sendo julgado pela suposta participação em um crime tipificado: a tentativa de golpe de Estado.
Não é à toa essa confusão. O autor levanta o passado de Bolsonaro para esconder o fato de que o julgamento presente não é baseado em um regime jurídico normal. Bolsonaro está prestes a ser condenado por um crime que ninguém conseguiu comprovar que ele tenha cometido.
Implicitamente, o autor defende que, em vez de Bolsonaro ser condenado pelo que está sendo condenado, ele seja condenado pelas suas opiniões. Isto é, já que ele é “racista”, que seja condenado por tentativa de golpe de Estado, mesmo que não haja declarações dele ordenando as manifestações de 8 de janeiro de 2023.
É a defesa de um Estado policial, típico de ditaduras fascistas. Para a ditadura militar, não importava se uma pessoa tivesse efetivamente praticado algo ou não, bastava que ela indicasse ter “ideias subversivas que seria vista como inimiga do Estado.
Da ditadura militar para os dias de hoje, a diferença é pouca. Quem controla o Judiciário são os inimigos do povo. Fernando Lavieri, quando defende a perseguição a Bolsonaro, está fortalecendo esse monstro, que se voltará com muito mais força contra os trabalhadores.




