A recente e monstruosa chacina ocorrida no Rio de Janeiro, com mais de uma centena de mortes em uma única operação policial é um crime praticado pelo Estado.
A ação, alardeada pelo governador Cláudio Castro como uma operação de “larga escala de repressão” e celebrada por figuras abjetas como Nikolas Ferreira (PL-MG) como a “maior faxina da história do Rio de Janeiro”, não se sustenta sobre nenhum dos argumentos apresentados. O saldo de mais de 100 mortes, em contraste com o número ínfimo de policiais feridos ou mortos (que seria a consequência lógica de uma inexistência “dura resistência armada”), revela a verdade nua e crua: trata-se de uma execução, um massacre, uma selvageria.
Não há justificativa para o Estado sair matando gente dessa maneira. Mesmo que, hipoteticamente, o Brasil tivesse pena de morte, o que seria uma punição reacionária contra a população pobre, as pessoas teriam antes que ser julgadas. A lei exige um meio minimamente civilizado de combate ao crime: prender, julgar e condenar. A operação do governo fluminense foi um ato de barbaridade, de terrorismo estatal, onde a polícia recebeu carta branca para invadir e matar indiscriminadamente, transformando a favela em um campo de extermínio.
Os direitistas que festejam e aplaudem essa ação ilegal estão apoiando uma política que coloca em risco a vida de toda a população. Estão dando autorização explícita para o Estado cometer crimes, legitimando a violência da polícia. Chamar os mortos de “terroristas” para justificar o massacre é apenas uma manobra cínica para desviar o foco da responsabilidade do Estado.
Esse nível de violência policial – estimulado, inclusive, por um flerte perigoso do próprio Partido dos Trabalhadores (PT) e setores da esquerda nacional com o discurso da “segurança pública” e da “luta contra o crime organizado” –, é uma ameaça real à sociedade.
Se não houver uma resposta muito dura contra essa selvageria e contra essa política de extermínio, a polícia matará muito mais gente. É preciso exigir que o Estado seja responsabilizado por esse crime e que a polícia seja dissolvida.





