Driss Mrani

Fundador e presidente do Movimento Progressista Marroquino, que visa promover princípios progressistas no Marrocos derrubando a monarquia totalitária que serve ao imperialismo e, então, estabelecer uma república democrática na qual todos os segmentos do povo marroquino participem sem descriminação

Coluna

Um corpo ausente, uma verdade proibida

Mais de meio século depois, a justiça ainda não foi feita — e o mistério permanece vivo

Em 29 de outubro de 1965, o líder opositor marroquino Mehdi Ben Barka entrou no famoso café Brasserie Lipp, em Paris — e nunca mais foi visto.

O que aconteceu depois continua sendo um dos maiores mistérios políticos do século XX: um desaparecimento planejado com precisão, envolvendo agentes de diferentes países e silenciado até hoje.

(Time Magazine – arquivo histórico)

O que realmente sabemos?

Ben Barka foi um dos mais importantes opositores do rei Hassan II, defensor de ideias socialistas e pan-africanistas.

(Enciclopédia Britannica)

Ele vivia exilado na Europa e estava em Paris para preparar uma conferência internacional.

Segundo as investigações, foi sequestrado por homens que se apresentaram como policiais franceses e levado para uma casa nos arredores de Paris.

(Time Magazine)

Acredita-se que tenha sido torturado e morto, e que seu corpo tenha sido ocultado — até hoje, nunca foi encontrado.

O papel do Mossad (serviço secreto israelense)

Várias fontes investigativas relatam que o Mossad colaborou com os serviços de inteligência do Marrocos, fornecendo apoio logístico, como:

  • rastreamento de Ben Barka em Genebra e Paris;
  • falsificação de documentos e passaportes;
  • fornecimento de veículos e locais seguros.(L’Express)

Assim, mesmo que o envolvimento direto no assassinato nunca tenha sido provado judicialmente, há indícios consistentes de cooperação entre serviços marroquinos e israelenses para eliminar o opositor.

O silêncio da França — cumplicidade ou omissão?

As autoridades francesas abriram várias investigações, mas nunca revelaram todos os arquivos oficiais.

(Time Magazine)

Alguns relatórios apontam que policiais franceses participaram da emboscada, ou ao menos permitiram que ela acontecesse em território francês — o que levanta sérias questões sobre cumplicidade.

Além disso, a decisão do governo francês de manter documentos em segredo por décadas é vista por organizações de direitos humanos como uma forma de encobrir responsabilidades.

A Anistia Internacional lembra que a França e o Marrocos são obrigados, pelo direito internacional, a esclarecer o destino de Ben Barka e punir os responsáveis.

Por que o caso continua aberto até hoje?

  • O corpo de Ben Barka nunca foi encontrado.
  • Três países — Marrocos, França e “Israel” — são citados nos bastidores da operação.
  • A verdade envolve relações diplomáticas, espionagem e interesses estratégicos, o que torna o caso sensível até hoje.

A cada aniversário do desaparecimento, familiares e defensores dos direitos humanos voltam a pedir:

“Queremos a verdade. Queremos justiça.”

Conclusão

Na tarde de 29 de outubro de 1965, Mehdi Ben Barka chegou a Paris como um intelectual e militante em busca de um mundo mais justo.

Saiu de lá — para sempre — como um desaparecido político.

Entre a ajuda do Mossad, a participação de agentes franceses e o silêncio persistente dos governos, a história de Ben Barka continua sendo um espelho incômodo das alianças ocultas entre poder e espionagem.

Mais de meio século depois, a justiça ainda não foi feita — e o mistério permanece vivo.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a deste Diário

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