Rússia

Um ano do atentado ucraniano ao Crocus City Hall

Atentando a sala de concertos matou 144 pessoas

No dia 22 de março, completa-se um ano do atentado à sala de concertos do Crocus City Hall, que vitimou 144 pessoas. Essa foi a agressão mais letal em solo russo nas últimas duas décadas, desde o cerco à escola de Beslan em 2004.

A sala de concertos Crocus City Hall engloba o complexo comercial Crocus City Mall, na cidade de Krasnogorski, Federação de Oblast de Moscou. O ataque terrorista iniciou-se numa sexta-feira, às 20h, no dia 22 de março de 2024, concluindo às 11h30 do dia seguinte.

O local estava lotado, pois estava programado para a noite um show da banda russa Picnic. No momento, ocorria uma competição de dança de salão, com apresentação de crianças.

Testemunhas declararam que, às 20h, ao menos três homens, armados com espingardas automáticas, vestidos de uniformes camuflados e máscaras, abriram fogo contra os presentes. Estes também portavam coquetéis molotov e provocaram um incêndio e explosões no ambiente, ocasionando o desabamento parcial do telhado. Os atiradores se evadiram do local, supostamente em um veículo branco.

Vários espaços vizinhos foram evacuados, e unidades policiais especializadas das unidades SOBR e OMON, assim como a Guarda Nacional Russa, foram acionadas. Como saldo, houve ao menos 144 fatalidades e mais de 145 feridos, destes 60 em estado crítico.

A ação foi posteriormente reivindicada pelo grupo Estado Islâmico de Coraçone (EI–C), narrativa questionada pela inteligência russa. Todos os acusados foram detidos vivos, à exceção de Mukhammadsobir Fayzov, que foi abatido ao oferecer resistência.

O EI tem um histórico de ações sectárias contra civis no qual o ataque se enquadra, como o atentado ao Teatro Bataclan em Paris. Entretanto, o restante da operação não condiz com a prática e ideologia do EI. Vamos elencar alguns desses pontos:

Não enfrentamento das forças especiais e fuga do local da ação. Como apontado pelos repórteres russos, nenhum dos atiradores planejava “se juntar às húris [virgens] no paraíso”, predisposição natural aos jihadistas.

Além de fugir do local, eles não portavam “cintos suicidas” ou similares para se martirizar durante o conflito. Outro ponto comum a todos os jihadistas após atingirem seus objetivos.

Numa operação diversa no nível de preparação, planejamento detalhado, um divisor de águas nesse ponto foi a instituição de uma recompensa aos membros executores. A recompensa seria realizada em duas parcelas, havendo a efetivação do pagamento da parcela antecipada de 250.000 rublos (mais de R$ 13 mil).

Esse fato demonstra que não se trata de uma ação militante, mas da atuação de mercenários, não a defesa de uma ideologia, mas a prestação de serviço sob remuneração. Por norma, os executores desses tipos de atentados do EI são considerados homens “mortos”, descartáveis, não havendo uma política de retorno e bonificação posterior.

Um dos pontos importantes revelados na investigação, perseguição e prisão dos “terroristas” foi o local da sua captura, a rodovia federal M-3 Ucrânia. Essa rota ligava a Rússia à Ucrânia, mas perdeu sua importância após 2014, principalmente com as operações militares de 2022.

Eles conscientemente tentavam salvar suas vidas rumando à fronteira com a Ucrânia. Esse era o único destino viável do percurso, denunciando um envolvimento apontado pelo governo russo.

O ato criminoso foi condenado internacionalmente, mas algo que chamou a atenção foi a posição do imperialismo norte-americano. Este imediatamente condenou o EI-C, se eximindo da culpa e ao seu lacaio da Ucrânia.

A resposta instantânea apenas atestou a ocultação de algo, levantando ainda mais suspeitas. O natural para um Estado nessa situação seria propor rigorosas investigações e se dispor a cooperar com estas.

O episódio ocorreu em meio à guerra da Ucrânia por procuração do imperialismo, configurando-se como mais um instrumento de tentativa de desgaste ao governo russo. É inegável a quais interesses este, como outros ataques do EI, serviu: aos interesses do imperialismo.

Atualmente, há um esforço descomunal da ditadura de Vladimir Zelensqui para manter o conflito da Ucrânia com a Rússia. Os ataques com veículos aéreos não tripulados (VANTs) nesta semana a fontes energéticas e a uma base aérea com capacidade nuclear confirmam isso.

Houve um esforço de um setor do imperialismo, expresso na figura de Trump, para estabelecer o cessar-fogo no conflito. Entretanto, por outro lado, há um esforço descomunal de outro setor do imperialismo, expresso em Biden, que luta intensamente para manter sua ofensiva.

Essa política de manter o conflito indefinidamente, somente para desgastar o governo russo, aponta haver uma disposição de Zelensqui de sacrificar toda a sua população para atender aos interesses imperialistas.

Lamentavelmente, essa orientação do setor imperialista é seguida majoritariamente pela esquerda pequeno-burguesa. Nesta política, certamente não restará muito da Ucrânia, que está tendo sua população lançada em um moedor de carne humana.

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