Palestina

Trump corta fundos da AP, favorecendo Resistência na Cisjordânia

Decisão de Trump de cortar o financiamento norte-americano à Autoridade Palestina tende a levar entidade ao colapso, facilitando a unificação da luta contra o sionismo

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou o corte total de recursos para as forças de segurança da Autoridade Palestina (AP), medida que deve acelerar o colapso da entidade e abrir caminho para o fortalecimento do Hamas e demais partidos da Resistência Palestina na Cisjordânia. A decisão, que afeta diretamente a capacidade da AP de manter o controle sobre territórios ocupados por “Israel”, foi tomada como parte de um congelamento global da assistência externa norte-americana. A ajuda cortada inclui treinamentos e reformas das forças de segurança palestinas, historicamente financiadas pelos EUA como parte de uma estratégia de cooperação com a ditadura sionista.

Desde 2007, os Estados Unidos injetaram aproximadamente US$1,1 bilhão nas forças de segurança da AP, consideradas essenciais para a manutenção da ordem em áreas sob controle palestino. No entanto, a entidade, que já enfrenta uma crise diante da população local, depende fortemente desses recursos para sobreviver. Sem o apoio financeiro norte-americano, a entidade tende a perder rapidamente sua capacidade de atuar, o que tende a produzir um desfecho positivo para a Resistência.

Brig. Gen. Anwar Rajab, porta-voz das forças de segurança palestinas, afirmou ao jornal norte-americano The Washington Post que os EUA eram um “grande doador dos projetos da AP”, incluindo treinamentos de segurança. No entanto, um ex-funcionário israelense, que falou sob condição de anonimato, minimizou o impacto do corte, dizendo que “outros doadores se comprometeram a cobrir o déficit”. Apesar disso, o congelamento já resultou na suspensão de treinamentos e projetos, como a construção de um campo de tiro virtual, essencial devido à proibição israelense de importação de munições para exercícios de tiro real.

Criada nos Acordos de Oslo em 1993, a Autoridade Palestina sempre atuou em subordinação à ocupação israelense, colaborando com a inteligência militar sionista e reprimindo militantes palestinos. Essa relação de subserviência foi comprovada em diversos momentos, como durante a Segunda Intifada, quando as forças de segurança da AP trabalharam ativamente para desarticular grupos revolucionários.

Desde o 7 de Outubro, a AP intensificou sua repressão contra militantes na Cisjordânia, especialmente em campos de refugiados como Jenin e Nablus. Em julho de 2024, confrontos entre as forças de segurança da entidade e grupos revolucionários palestinos resultaram em dezenas de mortes, incluindo civis.

Líder de um grupo militante em Jenin, Quais (nome fictício) afirmou ao órgão do imperialismo espanhol El País que a AP, em colaboração com “Israel”, busca acabar com a “situação de resistência” na Cisjordânia. “Os israelenses disseram ao governo palestino que, se quiserem controlar Gaza um dia, devem primeiro acabar com a resistência na Cisjordânia”, disse ele.

A decisão de Trump de cortar os recursos para a AP deve acelerar o processo de desintegração da entidade, já completamente desmoralizada junto ao povo palestino. Sem financiamento, as forças de segurança palestinas perderão capacidade de operação e de sustentar a rede de corrupção fundamental para a existência da entidade. O Hamas, principal partido da Revolução Palestina e que já desfruta de grande autoridade não apenas em Gaza, mas em toda a Palestina, deve ser o principal beneficiado.

A queda da AP também representa um desafio para “Israel”, que terá de lidar diretamente com a Resistência Palestina sem uma importante mediação feita pela AP. Com a AP à beira do colapso e o Hamas se fortalecendo, os conflitos em andamento na Cisjordânia tendem a se acentuar, porém, como ocorrido em Gaza, no atual estágio da luta política nos territórios palestinos, somente um fenômeno muito extraordinário pode impedir os palestinos de conseguirem uma vitória histórica também na Cisjordânia.

Guerra à Resistência

Recusando-se a tentar manter as aparências, a AP simplesmente assistiu “Israel” promover o que talvez seja uma das operações de genocídio mais horríveis que a humanidade já testemunhou. Como que para deixar claro seu verdadeiro papel, a entidade, que nada fez contra a ditadura sionista, iniciou confrontos com as forças da Resistência, que se intensificaram no final de 2024 e início de 2025. Em 10 de dezembro de 2024, choques foram registrados em Nablus e Tulcarém, seguidos por novos confrontos em Tammoun, ao sul de Tubas, em 24 de dezembro. Em 7 de janeiro de 2025, três militantes, incluindo um fundador da Brigada de Tulcarém, foram feridos após forças da AP abrirem fogo contra seu veículo em Attil, ao norte de Tulcarém. Um ataque semelhante ocorreu novamente em 12 de janeiro.

Após uma tentativa fracassada de trégua com os militantes em 17 de janeiro, as forças da AP retiraram-se de suas posições enquanto o Exército israelense (IDF) entrava em Jenin e lançava sua própria operação em 21 de janeiro. No dia seguinte, no entanto, as forças da AP retomaram os ataques em Jenin, lutando ao lado do IDF pela primeira vez. Em Yabad, a oeste de Jenin, em 24 de janeiro, as forças da AP prenderam e espancaram vários militantes. Elas também se juntaram ao IDF em pequenas incursões em Ramalá, Tulcarém, Hebron e Qalqilya.

Os confrontos resultaram em pesadas baixas para ambos os lados. As forças da AP registraram a morte de três oficiais de segurança, dois oficiais de inteligência e um guarda presidencial, além de cinco oficiais de segurança e três policiais feridos. Do lado da Resistência, mais de oito militantes foram mortos. No total, pelo menos 11 civis palestinos foram mortos e mais de 20 ficaram feridos.

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