Nessa segunda-feira (11), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma intervenção federal na segurança de Washington D.C., a capital do país. A decisão, que mobiliza a Guarda Nacional e coloca o Departamento de Polícia Metropolitana sob controle federal, foi justificada por Trump como uma resposta urgente a uma “onda de ilegalidade” e “criminalidade fora de controle”. A intervenção tem um prazo inicial de 30 dias.
Em uma coletiva de imprensa na Casa Branca, Trump apresentou um cenário caótico da capital americana. Ele afirmou que a cidade foi “tomada por gangues violentas e criminosos sanguinários, hordas de jovens selvagens, maníacos drogados e moradores de rua”. Para sustentar seu argumento, o presidente apresentou um gráfico com supostas taxas de homicídio de diversas cidades ao redor do mundo, colocando Washington em primeiro lugar. O gráfico, que circulou em redes sociais de direita antes do anúncio, indicava uma taxa de 41 homicídios por 100 mil habitantes para D.C. e comparava a capital americana com cidades como Brasília (13/100 mil), Bogotá (11/100 mil) e Cidade do México (8/100 mil).
No entanto, os dados foram rapidamente contestados. A própria Casa Branca, em um comunicado posterior, retificou a informação, afirmando que a taxa de homicídios em Washington D.C. em 2024 foi de 27,3 por 100 mil habitantes. Além disso, a Secretaria de Segurança Pública de Brasília divulgou que o Distrito Federal registrou uma taxa de 6,8 homicídios por 100 mil habitantes em 2024, a menor em 48 anos.
A prefeita de Washington, a democrata Muriel Bowser, classificou a intervenção como “alarmante e sem precedentes”, mas reconheceu a autoridade do presidente sob a Lei de Autogoverno (Home Rule Act) de 1973, que permite ao presidente intervir na segurança da capital em caso de emergência. A prefeita negou a existência de uma “crise de segurança” e ressaltou que os crimes violentos na cidade atingiram o menor nível em mais de três décadas no ano anterior.
Apesar de Bowser ter adotado um tom diplomático, o procurador-geral de Washington, Brian Schwalb, foi mais incisivo, chamando a intervenção de “desnecessária e ilegal” e prometendo explorar todas as opções legais para combatê-la. A oposição de líderes locais reflete a interpretação de que a medida é mais uma jogada política para consolidar o poder federal em uma cidade predominantemente democrata,
A intervenção prevê a mobilização de 800 militares da Guarda Nacional e a participação de centenas de agentes de mais de uma dezena de agências federais, incluindo o FBI, ICE e DEA. Trump também anunciou planos para retirar pessoas em situação de rua da capital, prometendo “lugares para ficar, mas longe da capital”.


