O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, exigiu que o Canal do Panamá seja devolvido – sem questionamentos – ao controle norte-americano.
Com a desculpa esdrúxula do Panamá cobrar “preços exorbitantes” das embarcações navais e comerciais e argumentando que o canal é vital para o comércio dos Estados Unidos e para a mobilização rápida de suas forças navais entre os oceanos Atlântico e Pacífico, Trump vem declarando que vai cumprir a ameaça de retomar o controle do estratégico canal.
Importância estratégica
Pelo canal do Panamá passam, anualmente, cerca de 14 mil navios por ano, sendo responsável por 2,5% do comércio marítimo global e é essencial para as importações de automóveis e produtos comerciais dos EUA por navios porta-contêineres da Ásia, e para as exportações de commodities dos EUA, incluindo gás natural liquefeito, foi devolvido ao controle do governo panamenho apenas em 1999.
Desde essa data, o controle é exercido pela “Autoridade do Canal do Panamá”, que somente no ano fiscal encerrado (2024) repassou ao tesouro nacional panamenho recursos da ordem de R$2,5 bilhões, valores correspondentes aos excedentes, direitos por tonelada de trânsito e o pagamento por serviços prestados pelo Estado, fundamentais para a economia de um país pobre, garantindo empregos diretos e indiretos.
No último dia 31, o pequeno país da América Central celebrou o 25º aniversário da devolução do Canal do Panamá. Na oportunidade, o presidente panamenho, José Raúl Mulino, reforçou a soberania sobre a hidrovia.
O presidente panamenho reafirmou a soberania do país sobre o Canal e disse que as taxas altas não são um “capricho”, que a independência e a soberania do Panamá são inegociáveis.
Soberania e independência nacional
Se manifestando sobre o assunto, a presidente do México, Claudia Scheinbaum e o presidente colombiano, Gustavo Petro, criticaram a ameaça de Trump e afirmaram que o Canal do Panamá pertence aos panamenhos.
Por sua vez, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, rejeitou as reivindicações imperialistas e colonialistas contra os povos das Américas, incluindo o Panamá, na sequência das declarações colonialistas do presidente eleito dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump. Maduro ressaltou o antigo líder panamenho Omar Torrijos, afirmando “sentimos por Omar Torrijos, o maior bolivariano nascido no Panamá (…), o homem que resgatou a dignidade e a independência. Ele disse: ‘De pé ou morto, mas nunca de joelhos’.”
No próprio Panamá, a reação às intenções imperialistas dos Estados Unidos ameaçando retomar o Canal vieram dos mais diversos setores, desde entidades, partidos, sindicatos e outros, todos afirmando que a manutenção do Canal sob o controle do Panamá diz respeito aos interesses e a soberania do País.
As declarações do presidente eleito dos EUA, que toma posse dia 20, mostram que política de ataques dos EUA à América Latina devem se intensificar diante da crise de conjunto do imperialismo e da política do novo governo de aprofundar o tratamento da América Latina, como se fosse um quintal de propriedade do imperialismo norte-americano.
As ameaças contra o Panamá, são parte da contra ofensiva do imperialismo na região de podem afetar também não apenas país mais próximos como Cuba e Venezuela, como todo o continente latino-americano.
É preciso uma ampla mobilização contra a política neocolonial dos EUA e a mais ampla unidade na luta para derrotar os planos de Trump e colocar para o fora o imperialismo do nosso continente.