Em matéria publicada na última quarta (12) no portal Esquerda Diário – órgão de imprensa do pequeno agrupamento da esquerda pequeno-burguesa Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT) -, o presidente Luís Inácio Lula da Silva foi criticado por pressionar o Ibama no sentido de permitir a exploração das riquezas petrolíferas na Margem Equatorial.
Intitulado Lula insiste em exploração de petróleo na foz do Amazonas e ainda critica Ibama por atrasar essa política destrutiva, o artigo busca conferir um verniz esquerdista para a política reacionária e pró-imperialista de boicote à exploração do petróleo na região norte–nordeste do País.
O MRT procura, em primeiro lugar, defender a ideia de que a pressão de Lula em favor da exploração do petróleo seria fruto de um acordo com a direita. “O projeto que busca utilizar da Petrobrás e dos órgãos ambientais do governo federal para a exploração dos recursos naturais (…) foi marcado por uma forte aliança do governo com a direita de Alcolumbre, que representa o quão reacionário são os interesses dessa aliança”, afirma.
A colocação é absurda. Segundo o MRT, a exploração do petróleo na Margem Equatorial seria uma espécie de concessão que o governo Lula faria à direita bolsonarista. Além de jogar no colo do bolsonarismo uma reivindicação histórica do movimento operária e popular ― a exploração das riquezas nacionais pelas forças nacionais ―, a afirmação mostra a incompreensão total do grupo acerca da luta política e das relações de classe no país.
Os integrantes do MRT parecem não conhecer, mas é relativamente conhecida a história da luta pela exploração do petróleo nacional. Foi uma verdadeira guerra contra o capital estrangeiro monopolista (o imperialismo), que sempre procurou boicotar a exploração do petróleo no Brasil. Os mesmos interesses e a mesma luta continuam atuantes ainda hoje, embora se apresentem sob formas novas.
A sabotagem contra a exploração do petróleo brasileiro, ontem e hoje, é obra do imperialismo, dos grandes monopólios norte-americanos e europeus que buscam a todo custo que os povos explorados dos países atrasados não usufruam das riquezas do seu solo e subsolo.
O MRT se comporta como um cão adestrado do imperialismo. Fala em “emergência climática” e se coloca como defensor dos “direitos das populações da Amazônia, indígenas e ribeirinhas”, afirmando que é “impossível precisar o tamanho dos impactos da exploração do petróleo na foz da Amazônia sobre essa nova empreitada do governo federal e da Petrobrás”. O partido pseudorrevolucionário, assim, se posta contra a exploração do petróleo na Margem Equatorial, em nome do meio ambiente e da defesa das populações da região.
Trata-se de uma posição antioperária e antipopular, contrária ao desenvolvimento econômico do país. O bloqueio da exploração penaliza diretamente a população do Amapá, uma das mais pobres do Brasil, onde 55% das famílias dependem do Bolsa Família para sobreviver. O petróleo da Margem Equatorial representa uma oportunidade de crescimento econômico e geração de empregos, algo que a política entreguista do Ministério do Meio Ambiente, sob o comando de Marina Silva, busca impedir.
O MRT ainda afirma, ao final da matéria, defender “uma Petrobrás 100% estatal, sob controle dos trabalhadores e da população”, mas não explica o motivo de tal reivindicação se defende o bloqueio da exploração dos recursos do subsolo, tal como manda o imperialismo.
A reivindicação de uma Petrobrás 100% estatal, sob controle dos trabalhadores e da população, só faz sentido a partir da luta contra o imperialismo. O petróleo da Margem Equatorial pertence ao povo brasileiro.
Não há justificativa para que a riqueza do subsolo nacional continue sendo bloqueada por um punhado de burocratas a serviço do imperialismo. Ela deve ser utilizada para fortalecer a indústria nacional, gerar empregos e promover o desenvolvimento do País.