Na madrugada desta segunda-feira (31), homens armados invadiram o território da retomada Avae’te, em Dourados, Mato Grosso do Sul, efetuaram disparos, incendiaram moradias e forçaram os moradores a fugirem para a mata para tentar sobreviver. Três índios morreram carbonizados: uma idosa de 60 anos, uma mulher de 36 e um bebê de um ano.
A Assembleia Geral do povo Caiouá e Guarani, a Aty Guasu, classificou o ataque como um ato cruel que reforça a violência histórica contra os índios e a luta constante pela demarcação de suas terras. Em conjunto com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), afirmou em suas redes sociais que “a comunidade clama por justiça e pelo fim da impunidade”.
O Ministério dos Povos Indígenas informou que enviará ainda nesta segunda-feira uma equipe do Departamento de Mediação e Conciliação dos Conflitos Fundiários Indígenas ao local para articular medidas junto aos órgãos responsáveis pelas investigações. O ministério também declarou que “acionou o Ministério da Justiça e Segurança Pública e a Polícia Federal no Mato Grosso do Sul para solicitar a investigação do caso em caráter de urgência, pelas constantes ameaças, violações territoriais e atos de violência sofridos pelos Guarani e Caiouá”.
Apesar de se tratar claramente de um ataque de pistoleiros, em mais um episódio da luta pela terra entre latifundiários e índios, a versão da polícia sugere uma suspeita diferente. A corporação afirmou ter identificado uma mulher de 29 anos, de iniciais O. B. F., com queimaduras recentes, “compatíveis com o lapso temporal em que o crime teria ocorrido”, sem apresentar informações sobre a motivação e a origem da suspeita.
Em nota, a polícia detalhou sua versão dos fatos, afirmando que a suspeita teria desferido um golpe contra a idosa usando um pedaço de concreto, asfixiado a criança de um ano e, em seguida, ateado fogo à residência, onde a terceira vítima dormia. Segundo a corporação, a mulher teria utilizado líquido inflamável para iniciar o incêndio e, ao abandonar o local, foi atingida por labaredas, sofrendo ferimentos.
A versão policial, no entanto, contraria os relatos da retomada, onde todos reconhecem o ataque como uma ação criminosa ligada ao conflito fundiário na região. O caso segue em investigação.