Os números estão demonstrando que a realidade das famílias estão sendo asfixiadas pela política econômica de juos altos. A matéria “Endividamento das famílias brasileiras cai em dezembro”, publicada no Brasil247 na quinta-feira(23), apresenta números muito duros, apesar de em algum momento tentar ver algo de positivo da gestão Fernando Haddad.
Como diz o texto, “a redução do endividamento é registrado no fim do ano, momento em que sazonalmente ocorre aumento do indicador”. Só esse dado já deveria ser preocupante, pois é quando se costuma fazer as compras de Natal. Há um aumento natural do endividamento no cartão de crédito. Se houve um recuo, isso só pode ser resultado das taxas de juros que impede que as famílias tenham acesso ao crédito.
Segundo o texto, “em dezembro de 2024, o endividamento das famílias brasileiras recuou para 76,7%, uma redução de 0,9 ponto percentual em relação a novembro, quando o índice estava em 77,6%. Os dados foram divulgados pela Confederação Nacional do Comércio (CNC)”.
Na tentativa de dourar um pouco a pílula, lemos no texto que o endividamento das famílias em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), se mantém “abaixo de níveis elevados”, cerca de 30% (isso não é elevado?). Sendo “bem mais baixo do que o registrado nos Estados Unidos, onde as dívidas representam 72% do PIB”. Essa informação, porém não importa, primeiro porque, como se costuma dizer, ninguém come PIB, e saber que o americano está mais endividado não melhora em nada a nossa situação. Sem mencionar o fato de que a realidade econômica do trabalhador americano é bem diferente da nossa.
Outro dado importante na matéria é que aumentou a inadimplência. 29,3% das famílias estavam endividadas no final de 2024, computando um aumento de 0,5% em relação a 2023, quando o índice era de 28,8%. Para piorar, houve um aumento de 13% no total de famílias com dificuldades em quitar suas dívidas. O maior patamar desde o início da série histórica.
Felipe Tavares, economista-chefe da CNC diz que “Embora o endividamento tenha se tornado mais sustentável em termos de renda comprometida e prazo, a alta dos juros e o encarecimento do crédito dificultaram a gestão financeira das famílias. É necessário reforçar a educação financeira e implementar políticas de renegociação de dívidas bem estruturadas”. O que não faz sentido.
Em vez de cobrar que demitam Haddad, pede que se dê aulas de educação financeira, o que é um verdadeiro absurdo. As pessoas não têm dinheiro, os juros estão elevadíssimos e é preciso gerar empregos, fazer a economia crescer.
O governo Lula precisa olhar com atenção esses números, o plano econômico não está dando certo. A continuar assim teremos a volta da extrema direita ao poder, principalmente porque não existe nenhuma mobilização do governo, que tem governado apenas em favor do capital.
A esquerda precisa começar uma campanha de mobilização com um programa que exija que o governo volte sua política para a classe trabalhadora e não em função de um mercado que, de mais a mais, não está satisfeito e quer que se corte ainda mais fundo na carne da população.