Polêmica

Todo poder ao ministro do golpe de 2016?

Articulista do Brasil 247 escreve crônica para exaltar Alexandre de Moraes

No artigo Grande dia!, publicado pelo Brasil 247, Denise Assis expõe claramente a política de esquerda anulamento político em favor do imperialismo político, representado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O artigo é escrito em tom de crônica, de forma que a autora sequer consegue deixar escapar a sua admiração pela pessoa de Moraes:

“Às 9h19, o ministro Alexandre de Moraes iniciou a leitura e a apresentação do seu tão aguardado voto. Desta vez, voltou à gravata em tom pastel (rosa), como se viesse a público dizer: ‘Ufa! Missão cumprida’. Estava leve.”

É como se dissesse: o incansável Alexandre de Moraes trabalhou anos a fio, contra tudo e contra todos, e finalmente venceu, ao votar pela condenação de Jair Bolsonaro (PL). A realidade é o oposto. Moraes vem agindo com todo o apoio do imperialismo, como ficou claro em artigo da revista britânica The Economist. Os grandes jornais burgueses do País também acobertam Moraes de sues crimes.

Denise Assis continua sua narração:

“Ajeitando-se na cadeira, entrou direto na eliminação das discussões trazidas nas preliminares pelas defesas, como o descrédito da delação premiada de Mauro Cid e a junção dos artigos 259 L e 259 M. Esclareceu de forma límpida a diferença entre um e outro e a participação dos réus, sim, nos dois crimes dos cinco a que estão submetidos: crime de tentativa de golpe contra o Estado e crime de abolição violenta contra o estado de direito. Gastou nessa tarefa de 9h19 às 9h48 para contestar todas as notas das defesas. Certamente reprovará a menção à cor de sua gravata, tal como fez logo no início da sua exposição – a propósito de uma observação da defesa de um dos réus, se não me engano José Luiz de Oliveira Lima, de Braga Netto, que quis inserir na discussão sobre a delação de Mauro Cid uma interpretação do uso das mãos na acareação entre ele e seu cliente. “Não se trata de um julgamento psicológico, mas jurídico”, reagiu. Modéstia. Moraes estava, naquele momento, mexendo com os nervos de quem tivesse sentimento pelo país.”

Aqui, embora a autora pareça estar abordando aspectos da personalidade de Moraes, escancara um problema político muito sério: para Assis, é mais importante o discurso feito por Moraes do que pelos fatos. O caso da delação de Mauro Cid é uma violação flagrante dos direitos democráticos, pois Moraes foi flagrado coagindo o tenente-coronel. O próprio Moraes se declarou competente para afastar a acusação de coação, o que é absurdo. Não importa se ele tenha respondido os advogados com elegância ou não, importa que a condução do processo em si é ilegal.

E assim a autora continua seu texto, utilizando o mesmo expediente para aplaudir o julgamento do mérito — isto é, a condenação. E assim ela conclui:

“Sobe letreiro. Porém, o ministro Alexandre de Moraes continua o seu trabalho de leitura do seu voto, entrando em detalhes dos personagens fardados. Como é preciso acompanhar isso com muita atenção, a autora desse texto vai agora se dedicar a acompanhar o resto do julgamento, cujo resultado nós aguardamos por seis longos anos, com ansiedade. Nosso agradecimento ao ministro Alexandre de Moraes por tanta doação. Que a Justiça seja feita!”

Ao falar em “seis longos anos”, a autora entrega o jogo. Bolsonaro não está sendo julgado por ações concretas, que tenham acontecido em um determinado dia e em uma determinada hora. Ele está sendo julgado politicamente. Denise Assis quer ver Bolsonaro na cadeia porque o considera um adversário político.

A ideia em si de usar a cadeia para reprimir adversários é uma ideia reacionária, que só serve aos capitalistas, que controlam o Estado. Neste caso, trata-se de uma aberração ainda maior, visto que o juiz a quem Assis está dando o poder de condenar por divergências políticas é um ex-PSDB, um homem envolvido diretamente no golpe de Estado que derrubou Dilma Rousseff em 2016.

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