A sanha persecutória contra os representantes dos trabalhadores na administração do maior fundo de pensão da América Latina, Previ (Fundo de Pensão dos Funcionários do Banco do Brasil), permanece.
Mais uma vez, a burguesia neoliberal utiliza os seus representantes nas instituições do Estado, como o Tribunal de Contas da União (TCU), para atacar o fundo de pensão dos trabalhadores do Banco do Brasil e, logicamente, utilizam os seus meios de comunicação, venais, para fazer a sua enganosa propaganda.
Anteriormente, se utilizaram da imprensa imperialista norte-americana, CNN, para anunciar um suposto “rombo” na Previ e a abertura de uma auditoria no TCU para verificar o “prejuízo” de R$ 14 bilhões, cujo tradicional representante da direita neoliberal à frente do Tribunal de Contas da União era o ministro Walton Alencar Rodrigues.
Desta vez, praticamente toda a imprensa reacionária neoliberal saiu em campo para atacar a Previ.
Estadão, Correio Braziliense, IstoÉ Dinheiro, Globo, dentre outras, noticiaram que o mesmo ministro Walton Alencar Rodrigues, relator do processo, “apresentou seu voto no âmbito do levantamento sobre a atual governança corporativa da Previ”, e que “o TCU determinou nesta quarta a conversão do levantamento sobre a Previ em auditoria, que será realizada no curto prazo para avaliar possíveis práticas capazes de gerar dano ao erário. O relator menciona risco de o Banco do Brasil ser obrigado a participar do equacionamento do déficit da Previ”. (Site IstoÉ Dinheiro, 09/04/2025)
Para o neoliberal ministro relator, “é fato a alteração dos critérios de seleção da Previ para favorecer candidatos do sindicato, absolutamente despreparados, sem habilitação técnica condizente com os misteres de conselheiros de administração e fiscal, candidatos sem experiência profissional e formação sindical desconexa com o universo empresarial, para atuar nos conselhos de grandes empresas”. (Correio Braziliense, 09/04/2025)
Primeiramente, há que se observar que, segundo informação da própria Previ, o processo corre em sigilo de justiça e que ainda não teve acesso ao relatório completo. Sendo assim, verifica-se que a propaganda contra a Previ e o seu presidente é, logicamente, uma perseguição política contra um legítimo representante dos trabalhadores à frente do fundo.
Uma outra questão diz respeito ao ministro relator do TCU. Os ministros do Tribunal de Contas da União são indicações feitas pelos governos de plantão e, no caso do Sr. Walton Alencar, sua nomeação foi feita pelo então presidente FHC (PSDB), na década de 1990, período em que o país foi levado a um verdadeiro caos econômico através da política neoliberal do Plano Real. Política essa que ocasionou a entrega de praticamente todo o patrimônio nacional (com a complacência, é claro, do Tribunal de Contas), como a Vale do Rio Doce, as telecomunicações, ferrovias, os bancos estaduais e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). E, hoje, tal política não se modificou, como pode ser verificado no caso da privatização, no governo de Jair Bolsonaro, da Eletrobras.
Além disso, pesa na ficha corrida do ministro do TCU – esse mesmo que defende a moralização das contas da Previ – o gasto, com dinheiro público, de R$ 450 mil em passagens e diárias internacionais no ano de 2024 para a Europa, os Estados Unidos e até as paradisíacas Ilhas Cook, na Oceania, conforme dados do Portal da Transparência. Ou seja, a tal auditoria nas contas da Previ é mais uma jogada para tentar enganar os mais incautos, com a justificativa de entregar o controle da Previ aos abutres capitalistas, principalmente aos especuladores financeiros.
Desde a posse do atual presidente da Previ, João Fukunaga, indicado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, os direitistas lançaram uma verdadeira cruzada para destituí-lo do cargo.
Da mesma forma como fizeram para destituir a ex-presidenta da Caixa Econômica Federal, Rita Serrano, também uma pessoa ligada diretamente às organizações de luta dos trabalhadores bancários, fruto desse mesmo método de pressão dos setores da direita neoliberal para colocar as suas garras de abutres no patrimônio do povo brasileiro. No caso da Previ, como verdadeiros vampiros que são, querem sugar os recursos desse fabuloso patrimônio dos trabalhadores do Banco do Brasil.
A Previ é um patrimônio construído pelos trabalhadores bancários do Banco do Brasil. É o maior fundo de pensão da América Latina, com um patrimônio de R$ 250 bilhões e tentáculos acionários nas maiores empresas brasileiras em setores vitais da economia, como energia, telecomunicações, siderurgia, mineração e aviação. É exatamente isso que a burguesia não quer.
Não querem que um representante legítimo dos trabalhadores esteja à frente desse poderoso patrimônio. Fukunaga é funcionário do Banco do Brasil e ocupou importantes posições em instituições de luta dos trabalhadores bancários. Foi ex-diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo e, além disso, também ocupou uma cadeira na coordenação nacional da Comissão de Negociação dos Funcionários do Banco do Brasil na Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT).
Logicamente, a perseguição da direita golpista aos representantes da classe trabalhadora à frente das instituições, como os fundos de pensão das empresas estatais, diz respeito aos interesses dos capitalistas nacionais e internacionais. Ou seja, trata-se de uma campanha para substituir um legítimo representante dos trabalhadores por um “técnico de mercado”, com o intuito de transferir os recursos dos trabalhadores para os banqueiros. Tanto é assim que a imprensa venal vem dando, sistematicamente, um extraordinário destaque à tentativa de afastamento de Fukunaga.
É de extrema importância que a Previ tenha representantes verdadeiramente ligados à luta dos trabalhadores. Nesse sentido, os trabalhadores bancários não podem assistir passivamente à destruição do seu patrimônio. É preciso reagir e exigir das direções sindicais uma resposta efetiva nas ruas, com mobilizações e unidade com os demais trabalhadores das estatais, contra a política da direita reacionária que, em nome de uma suposta “moralização dos fundos”, quer aprofundar a roubalheira dos recursos dos trabalhadores.