O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou no último dia 2, um “tarifaço” global sobre impostos de importação.
Na data denominada por Trump como o “Dia de Libertação”, ele anunciou sua nova política comercial, adotando o que chamou de regra da reciprocidade entre os países, o que significa que adotará com os outros países critérios semelhantes aos estabelecidos por eles em relação aos produtos norte-americanos.
A meta anunciada é a de começar a corrigir o déficit de cerca de US$ 1,2 trilhão que os EUA têm nas relações comerciais com o resto do mundo, uma política que, em muitos casos, beneficia — inclusive — multinacionais norte-americanas sediadas no exterior, que produzem em países pobres, com uma alta taxa de exploração da classe operária desses países, e vendem para o mercado norte-americano, o de maior poder de consumo do mundo, com altos lucros.
Tarifaço
Pelo que foi anunciado, por exemplo, os EUA vão impor tarifa de 25% sobre todos os carros importados a partir de 3 de abril. Já as autopeças serão taxadas a partir de 3 de maio. Hoje, a taxa é de 2,5%.
Entre os principais alvos da iniciativa do governo dos EUA está a China, que passará a sofrer uma taxação de 34% sobre seus produtos, sob a alegação de que impõe tarifas de 67% aos produtos norte-americanos. Por sua vez, os países da União Europeia serão taxados em 20%, diante dos 39% que cobrariam dos EUA.
No caso do Brasil, cujas exportações para os EUA se concentram principalmente no setor de commodities, ou seja, de matéria-prima para a indústria norte-americana, as tarifas comerciais “recíprocas” passariam a ser de 10%.
Queda de braço
Trump apresentou o decreto como histórico e afirmou que o tarifaço é uma ação “recíproca” com os outros países, que ele diz estarem roubando os EUA. “Agora é a nossa vez de ficarmos prósperos. A nossa dívida será paga e tudo isso ocorrerá de forma muito rápida”, afirmou, acrescentando que fará com que os “EUA fiquem ricos novamente”.
As medidas anunciadas têm, na realidade, um caráter muito mais defensivo.
Elas expõem e aprofundam a situação de estagnação econômica e de guerra comercial que o avanço da crise capitalista está impulsionando entre os países, bem como entre as principais alas da burguesia mundial.
Antes mesmo do anúncio do “tarifaço”, governos de países que defendem os interesses dos mais poderosos setores do imperialismo, como os governos da Itália, da França e do Reino Unido, já começaram a discutir possíveis respostas ao anúncio de tarifas pelo presidente dos EUA.
A primeira-ministra Giorgia Meloni, por exemplo, disse que não descarta “respostas adequadas” para defender os produtos de seu país, ao mesmo tempo em que afirmou que todos os esforços devem ser feitos para evitar uma guerra comercial.
Por sua vez, a porta-voz do governo francês, Sophie Primas, declarou que o novo pacote pode levar a uma “grande desordem econômica”.
Mais crise no horizonte
O tarifaço de Trump não abre uma perspectiva de progresso para o mundo, tampouco para os EUA. Como vem ocorrendo com as principais medidas anunciadas pelo governo Trump, elas vão dar lugar a uma etapa de negociações, protestos e possíveis acordos sobre novas bases, bem como a novos e maiores atritos, fazendo crescer a polarização política em curso.
Vão se intensificar os atritos em curso que ameaçam o mundo com uma guerra de grandes proporções; crescerá a campanha dos setores imperialistas prejudicados por essas e outras medidas do governo contra o governo Trump, que se verá cada vez mais ameaçado por uma articulação golpista no interior dos EUA e em todo o mundo.



