São Paulo

Supostos crimes ambientais da Dolly: ataque à indústria nacional

Disputa da empresa com o monopólio imperialista da Coca-Cola é antiga, reforçando que o problema está no impacto causado nos lucros da monopolista

Na última sexta-feira (14), toda a imprensa brasileira noticiou a condenação do empresário Laerte Codonho, dono da fábrica de refrigerantes Dolly, condenado por supostos crimes ambientais e corrupção em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo. Laerte recebeu uma pena total de 11 anos, quatro meses e um dia de reclusão, além de quatro anos, 10 meses e quatro dias de detenção.

Segundo o portal de notícias g1, a pena de reclusão pode ser cumprida nos regimes fechado, semiaberto ou aberto, dependendo da gravidade do crime. Já a de detenção, destina-se a condenações mais leves e deve ser cumprida no regime semiaberto ou aberto (não admite o fechado). Além da prisão, o empresário foi condenado ao pagamento de uma multa que chega a aproximadamente R$570 mil. A defesa alegou falhas no processo e afirmou que irá recorrer da decisão.

Codonho foi condenado por quatro tipos de crime. A sentença, publicada na última quinta-feira, cita que ele incorreu em corrupção ativa, inclusive de policiais, crime ambiental, falsidade ideológica e falsificação de documento particular. Para o portal UOL, Codonho negou as acusações. Ele afirmou que a denúncia foi “fabricada” por promotores do MP-SP (Ministério Público de São Paulo) para beneficiar empresas concorrentes da Dolly.

O dono da Dolly afirmou que investigações foram baseadas em relatório de empresa que teria como acionistas ex-diretores da Coca-Cola e da Ambev. “A Neoway gerou todos os relatórios que nos causaram esses problemas”, disse ele, que vê uma intenção das concorrentes de prejudicar a empresa. Codonho argumenta que a obra que gerou sua condenação foi liberada pela Justiça. “Como podem dizer que foi irregular uma obra que foi liberada pela Justiça? Isso é um absurdo”, disse Codonho. Empresário negou pagamento de propina. “Eu nunca vi nenhum desses agentes públicos. Nunca conversei, nunca tive contato”, rebate.

Em 2018 Codonho foi preso pela polícia por suspeita de fraude fiscal continuada, sonegação, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa. Ainda em 2017, o grupo Ragi Refrigerantes, dono da Dolly, foi alvo da Operação Clone, da Secretaria da Fazenda de São Paulo, por fraudes relacionadas ao pagamento de ICMS. Fundada em 1987, a Dolly ganhou notoriedade por fabricar refrigerantes vendidos a preços populares.

Em 2004, Codonho iniciou briga com a Coca-Cola ao acusar a multinacional de práticas monopolistas. O que começou como um processo no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) evoluiu para críticas públicas, estampadas em outdoors e culminou com o cartaz exibido pelo empresário durante sua prisão em 2018. O cartaz foi mostrado para toda a imprensa que acompanhava o caso e dizia: “preso pela Coca-Cola”.

Ao chegar na delegacia, Codonho afirmou que estaria sendo preso devido a uma perseguição da Coca-Cola e que a empresa que estariam investigando não pertence a ele. Além do dono da empresa, o ex-contador Rogério Raucci e o ex-gerente financeiro César Requena Mazzi, foram presos e levados ao DP. A advogada que defende Codonho, Maria Elizabeth Queijo, afirmou que não iria se manifestar imediatamente, pois não teve acesso aos autos.

Todo imbróglio se trata claramente de um ataque a indústria nacional. É fato corriqueiro que os monopólios perseguem e tentar inviabilizar qualquer empresa que atue no mesmo ramo, e que esteja de certa forma impactando nos lucros das gigantes imperialistas do setor. Só uma pessoa muito ingênua pode acreditar que a Coca-Cola se preocupa minimamente com o meio ambiente.

Neste caso, é bem claro que a Dolly está sendo punida, pois conseguia vender para uma parcela do mercado brasileiro do qual a Coca-Cola se considera dona. Fica evidente também que a livre concorrência defendida pela direita e pelos liberais é um engodo completo.

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