Ato de 7 de outubro

Sugar daddy dos identitários, Soros não quer ato do PCO no Brasil

Manifestação em defesa da resistência palestina é alvo de protesto de organização não governamental (ONG) parceira da Open Society Foundations

Em 27 de setembro, a organização não governamental (ONG) Stop Hate Brasil publicou uma nota de repúdio contra a manifestação convocada pelo Partido da Causa Operária (PCO) e pelo Instituto Brasil-Palestina (Ibraspal) para o dia 7 de outubro. No texto, a ONG qual expressa “total indignação” pela “celebração” do “ataque terrorista cometido pelo Hamas contra Israel”. Além de ignorar a Lei brasileira, que não considera o Hamas como uma organização terrorista, a nota ainda mente ao afirmar que “o ataque do Hamas resultou em milhares de mortes, entre civis, crianças, mulheres e idosos, além do sequestro cruel de inocentes”.

A operação de 7 de outubro, conforma centenas de matérias jornalísticas e documentos já expuseram, foi uma operação bem-sucedida contra uma série de alvos militares israelenses, resultando na morte de poucas dezenas de soldados. Uma operação que é absolutamente acobertada pelo direito nacional, visto que o que a Stop Hate Brasil chama de “Israel” é, na verdade, uma ocupação ilegal e criminosa.

A morte de civis israelenses — ainda que os civis sejam, formalmente, colonos — foi causada fundamentalmente pelas próprias forças de ocupação de “Israel”, que assassinou sua própria população para evitar que esta fosse sequestrada. Apenas nos últimos meses, centenas de pessoas morreram de fome na Faixa de Gaza. O primeiro-ministro de “Israel”, ao mesmo tempo em que foi condenado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), é recebido pelo governo norte-americano e discursa livremente na ONU. Mas, para a Stop Hate Brasil, o crime está naqueles em que, ao contrário da ONG sionista, se dedicam a por um fim em um dos capítulos mais tenebrosos de toda a história da humanidade.

Há poucas informações acerca da Stop Hate Brasil na Internet. A ONG sequer tem um sítio oficial, de modo que só se pode conhecer sua atuação por meio de seu perfil nas redes sociais e na grande imprensa, que, curiosamente, dá destaque às “investigações” da Stop Hate Brasil.

Apesar do título parecer nomear uma filial, a Stop Hate Brasil não é, ao menos formalmente, filiada a nenhuma outra organização. No entanto, seu nome é certamente inspirado na ONG norte-americana Stop Hate for Profit, entidade que teve início em 2019, incentivando empresas a boicotarem plataformas como o Facebook por não combaterem efetivamente o “discurso de ódio”. Embora não seja uma filial no sentido formal, a atuação do grupo “brasileiro” se assemelha bastante à do grupo norte-americano.

A atuação de ambas também muito se assemelha aos objetivos de um programa que a Open Society Foundations, do bilionário húngaro-norte-americano George Soros, começou a promover em 2016. Em artigo intitulado A luta da Open Society contra o antissemitismo, o filho de George Soros classifica o 7 de outubro como “ataque horrível do Hamas” e narra que, imediatamente após a eleição de Donald Trump em 2016, seu paianunciou um investimento de $10 milhões da Open Society para criar a Communities Against Hate (Comunidades Contra o Ódio), uma iniciativa para monitorar e incentivar a denúncia da profundidade e do alcance dos incidentes de ódio que ocorrem no país e conectar as vítimas de crimes de ódio a serviços jurídicos e sociais”.

Devido à falta de informações disponibilizadas pela Stop Hate Brasil, é difícil rastrear os financiadores da ONG, ainda que chame a atenção o fato de que um grupo tão inexpressivo tenha conseguido destaque no principal programa dominical da rede Globo, o Fantástico. Não há informações sobre quem integra a ONG ou se sequer ela tem um quadro diretor.

A única exceção é Michele Prado, apresentada publicamente como “fundadora” da entidade. No perfil da Stop Hate Brasil na plataforma X, a grande maioria das publicações recentes são tão-somente “repostagens” do perfil da própria Michele Prado.

Michele Prado, por sua vez, integra o quadro de outra ONG, a norte-irlandesa Social Change Iniciative (SCI). Esta, sim, é uma parceira inegável da Open Society Foundations.

Em 2019, Avila Kilmurray, parte da equipe central da SCI, de acordo com seu próprio portal, publicou um artigo para defender George Soros e a sua fundação, classificando as críticas à sua ação predatória como “chocantes”:

“Para que a filantropia europeia possa liderar pelo exemplo, ela precisa enfrentar a crescente xenofobia (especificamente a islamofobia e o antissemitismo) e a alienação popular. Uma pesquisa recente encomendada pela The Social Change Initiative destaca as falhas culturais, políticas e econômicas na Alemanha, França, Itália, Grécia e Irlanda que colocam refugiados e migrantes como os inimigos do povo. O tratamento chocante dado a George Soros e às Fundações Open Society na Hungria é mais do que um ‘canário na mina de carvão’, pois nos lembra de quão rapidamente os desenvolvimentos políticos podem superar pesquisas, análises e debates cuidadosamente elaborados.”

O evento mais importante envolvendo essas duas entidades, no entanto, ocorreu em fevereiro de 2014. Naquele período, a SCI promoveu a Conferência de Belfast, uma espécie de feira de ONGs para doadores. A conferência tinha como objetivo reunir “doadores” de destaque para incentivar outras pessoas a contribuírem com as organizações não governamentais. Vejamos o que a própria SCI disse em seu portal:

“No início de fevereiro, cerca de 200 delegados globais dos campos da filantropia e da construção da paz foram recebidos em Belfast, Irlanda do Norte, pela SCI (Social Change Initiative). O evento também teve o apoio de várias fundações e órgãos governamentais, incluindo a Community Foundation Northern Ireland e o Departamento de Relações Exteriores da Irlanda do Norte.”

“A conferência internacional, que durou quatro dias, teve como tema ‘Combate a Conflitos Violentos e Polarização: Como os Doadores Podem Ajudar?” Líderes de filantropia, doadores governamentais, financiadores locais em áreas de conflito, profissionais e líderes de pensamento trocaram experiências e discutiram como os doadores podem apoiar melhor a construção da paz e o combate à polarização.”

“A SCI agradece imensamente pelas percepções e pela participação de todos os presentes, especialmente aos muitos palestrantes ilustres que fizeram contribuições tão ponderadas. Nós o encorajamos a dedicar um tempo para absorver a profundidade dessas contribuições.

  • Mary Robinson, presidente do grupo The Elders e ex-presidente da Irlanda, falou sobre a centralidade dos direitos humanos para a construção da paz e a necessidade de uma liderança focada nas necessidades de longo prazo.

  • Volker Turk, Alto Comissário da ONU para Direitos Humanos, abordou as lições de processos de paz bem-sucedidos e a importância de proteger os direitos humanos no mundo dilacerado por guerras de hoje.

  • Mark Malloch-Brown, presidente das Fundações Open Society, encorajou os doadores a serem corajosos e a assumirem uma postura “herética” para enfrentar desafios globais cada vez mais urgentes enquanto aplicam capital paciente.”

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