Cláudio Corbo

Professor, Geógrafo, Mestre em Ciência Política e colunista do Diário Causa Operária (DCO)

Coluna

STF, nem contra nós, nem contra eles!

Em tese, o STF deveria garantir imparcialmente o cumprimento da Constituição Federal de 1988. Não é o que temos visto nos últimos tempos

Estimados leitores, o presente texto tem o caráter de denunciar as arbitrariedades que há anos ocorrem por parte do Supremo Tribunal Federal. Este escrito também carrega o intuito de denunciar essa instituição antidemocrática que persegue não apenas políticos importantes, mas, sobretudo, a classe trabalhadora brasileira, como se observa em decisões monocráticas de praxe.

Tendo como comandante atual dos ministros facínoras o inacreditável ídolo da esquerda namastê, senhor Alexandre de Moraes, “Xandão”, como é chamado pelos subnormais profundos que o tratam como pilar da democracia.

Pois bem, a política é uma atividade racional humana — ou deveria ser —, porque o comportamento dos devotos de Bolsonaro e dos devotos de Lula tem a mesma passionalidade típica das religiões, sempre imbuída de ignorância e negação do materialismo dialético. Mas não tenho a pretensão de ofender a fé de ninguém: a política, se tratada como fé, só pode prejudicar a luta dos oprimidos contra os opressores. A mentira sempre favorece o lado opressor.

No dia 18 de julho, Moraes ordenou que o ex-presidente Bolsonaro passasse a usar uma tornozeleira eletrônica, cumprir recolhimento domiciliar, além da proibição de uso de redes sociais e restrição de contato com aliados e diplomatas. Chama a atenção que Moraes restringiu a aparição de Bolsonaro até em redes sociais de terceiros, o que é algo impensável e impossível de controlar. Moraes ameaça Jair Bolsonaro de prisão em caso de descumprimento. É uma decisão típica de um ditador escatológico.

Ora, evidentemente, como marxista, colunista do DCO e filiado, ainda, ao Partido dos Trabalhadores, não nutro a mínima simpatia pela figura do ex-presidente que bate continência para a bandeira do imperialismo norte-americano, que vitimou fatalmente, por negligência, centenas de milhares de brasileiros ao demorar a comprar a vacina contra a COVID etc.

Bolsonaro e seus aliados não deram golpe. Falar sobre algo não é fazer. Aliás, um bando de tresloucados que foi lá deteriorar patrimônio público e fazer carnaval são gente simples, com a mesma raiva do sistema desigual em que vivemos que nós, da canhota, temos. Pessoas como domésticas e ambulantes receberam penas duríssimas num país onde torturadores de 1964 a 1985 foram anistiados.

Segundo a Agência Brasil: “As manifestações de 8 de janeiro ficaram marcadas por invasões e vandalismo às sedes dos Três Poderes e têm sido encaradas, em diversos processos penais, pelo STF, como tentativa de golpe de Estado.”

Militantes de esquerda como eu cansamos de ocupar prédios públicos por algum tipo de reivindicação. Mesmo assim, sem armas, não é fácil dar um golpe de Estado — e aviso à eXquerda pompóm desarmamentista: não se faz revolução com discursos.

Contudo, como analista político, não me deixo levar por emoções. Essa manobra contra Bolsonaro, do mesmo tipo que colocou Lula na cadeia, é uma prestidigitação do STF, braço aliado do imperialismo, para tirar Bolsonaro das eleições. O ideal para o capital imperialista seria uma eleição sem Bolsonaro e sem Lula — os dois únicos políticos verdadeiramente populares na possível disputa.

Após isso, como habitualmente fazem os subalternos dos ianques, transversalmente com sua mídia golpista — apoiadora do único verdadeiro golpe no Brasil dos últimos tempos, contra a presidente Dilma Rousseff em 2016 —, vão desgastar Lula e colocar na Presidência da República algum pilantra do nível de um dos maiores lesa-pátria da história do nosso país: FHC.

Os donos do poder real, capitalistas financeiros, irão escolher o prostituto que desejarem. Pode ser Tarcísio, Leite, Zema, Caiado ou qualquer um que acabe com a pouca autonomia que resta ao Brasil perante as forças capitalistas que dominam o mundo. Para mim, isso é tão óbvio quanto 2+2=4.

Volto à questão do STF: algum dos nossos leitores já votou para escolher ministros do STF?

O STF foi criado após a Independência do país como Supremo Tribunal de Justiça, e renomeado como Supremo Tribunal Federal após a Proclamação da República. O Supremo Tribunal Federal se resume a 11 juízes com status de ministros, indicados pelo presidente da República e sabatinados no Congresso Nacional. Após empossados, podem ser ministros do Supremo até os 75 anos, ganhando miseráveis dezenas de milhares de reais mensais.

Em tese, o STF deveria garantir imparcialmente o cumprimento da Constituição Federal de 1988. Não é o que temos visto nos últimos tempos. Tenho a impressão de que alguns juízes acham que são Deus, e os demais têm certeza de que são.

“Xandão” foi indicado pelo golpista Michel Temer em março de 2017. Já seria motivo para não ter credibilidade alguma. Mas, pasmem, parte da esquerda o acha um bastião moral — haja vista que pensam política de ocasião e não com a seriedade que o assunto merece.

O STF teve papel fundamental no golpe de 2016. Quem não lembra de Jucá dizendo: “Com Supremo, com tudo”. Dilma foi notificada da abertura do processo em 3 de dezembro de 2015. Na mesma data, o Supremo rejeitou ações protocoladas pelo PT que contestavam a admissibilidade da solicitação de impeachment na Câmara dos Deputados. O tenebroso desfecho, conhecemos.

No caso da prisão de Lula, o STF também teve papel decisivo. A Suprema Corte não assegurou os direitos fundamentais do atual presidente, como o devido processo legal e a presunção da inocência, contrariando todos os princípios constitucionais e criminais brasileiros.

A prisão de Lula em 2018 e o golpe contra Dilma em 2016 foram usar de papel higiênico a Carta Magna. Se nós, pessoas coerentes, não defendermos para o nosso adversário político Jair Bolsonaro um tratamento justo, estaremos aceitando o que o STF fez contra Lula e Dilma como borregos sem princípios.

* A opinião dos colunistas não expressa, necessariamente, a deste Diário.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Rolar para cima

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.