Em virtude do Dia da Independência, celebrado no dia 7 de setembro, a Central Sindical Popular Conlutas (CSP-Conlutas), a central sindical de brinquedo criada e dirigida pelo Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), publicou um panfleto com o que seriam as suas principais reivindicações na defesa da “soberania nacional”.
“Neste 7 de setembro, movimentos sociais, sindicatos e centrais sindicais convocaram um dia nacional de luta contra o ataque imperialista dos Estados Unidos sobre o Brasil e vários atos já estão com local e horários definidos”, diz o texto. O “ataque imperialista” a que a Conlutas se refere é a ingerência do governo norte-americano ao impor tarifas e sanções com o objetivo explícito de pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) a absolver Jair Bolsonaro (PL) da acusação de “tentativa de golpe de Estado”. Um crime do imperialismo que, obviamente, deve ser denunciado, mas que representa uma ameaça muito menor que as ameaças de guerra do governo norte-americano contra a Venezuela, que nem o PSTU, nem a Conlutas denunciam.
O panfleto continua afirmando que “nossa Central defende a mais ampla unidade de ação para enfrentar o imperialismo e seus aliados, mas reafirma: essa luta só pode ser vitoriosa com total independência política, sem qualquer apoio político ao governo Lula, aos empresários ou ao STF”. O difícil, no entanto, é entender o que seria essa tal “independência”.
O movimento deveria sim, ser independente do governo para poder defender a Venezuela mesmo quando o governo Lula capitula vergonhosamente diante do imperialismo e não a defende. Essa “independência”, no entanto, a Conlutas não reivindica. O termo serve apenas nos momentos em que o PSTU se lança em alguma aventura golpista, como em 2016, quando apoiou a derrubada do governo de Dilma Rousseff.
Mas o que ao PSTU se mostra realmente dependente é quando o assunto é o STF:
“A luta pela soberania também passa por derrotar a ultradireita golpista. Por isso, também é urgente exigir prisão para Bolsonaro e seus cúmplices, a cassação de Eduardo Bolsonaro e confisco dos bens de todos os envolvidos na tentativa de golpe de Estado.”
Sim, lutar pela soberania nacional implica em uma luta contra a direita, seja contra os seus representantes diretos, como o a rede Globo, como as suas manifestações mais confusas, como o movimento bolsonarista, que oscila entre fazer demagogia com sua base e em se apoiar politicamente no governo norte-americano.
Mas essa luta precisaria ser uma luta política, uma luta que denunciasse as contradições do “patriotismo” da extrema direita e que defendesse os interesses materiais do povo. A luta que o PSTU propõe não é essa: é a defesa do Estado capitalista como instrumento de perseguição política.
É o exato oposto de defender a “soberania nacional”. Quanto mais o STF, como poder mais umbilicalmente ligado ao grande capital, for poderoso for, mais infiltrado pelo imperialismo o Brasil será.




