Editorial

STF dá mais um passo para golpe de Estado no Brasil

Ao tornar Jair Bolsonaro réu, Corte se aproxima de prender segundo político com maior popularidade do País

Por cinco votos a zero, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu abrir uma ação penal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais sete aliados seus. Na prática, Bolsonaro agora se torna réu e será julgado pelo mesmo tribunal pela prática de um conjunto de crimes, entre eles o de tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, o de golpe de Estado e o de organização criminosa armada.

Uma vez julgado por esses tipos penais, Bolsonaro poderá ser preso. Este é, no momento, o cenário mais provável. Afinal, os ministros da Primeira Turma, além de decidirem por unanimidade abrir a ação penal, gastaram horas e horas do julgamento inicial endossando as denúncias apresentadas pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet. Caso os ministros sejam coerentes com o que disseram, o provável é que votem pela condenação do ex-presidente.

A abertura da ação penal foi o ponto culminante de uma série de ilegalidades. Entre elas, o fato de que Bolsonaro foi acusado de orquestrar um golpe de Estado em 2021, quando ainda era presidente da República, e que teria como desfecho uma manifestação em 2023 da qual o ex-presidente não participou (nem estava no Brasil), nem teve qualquer relação com ela comprovada. A única “prova” da acusação grotesca de Paulo Gonet é a delação premiada absolutamente questionável de Mauro Cid, obtida sob métodos coercitivos.

As ilegalidades cometidas contra o ex-presidente não são à toa. Elas evidenciam que há um processo de perseguição política em curso. Isto é, que o STF age não de acordo com a sua função de aplicar a Lei, mas sim de acordo com uma determinada intenção.

O STF tem um plano para o Brasil. Ou melhor, executa o plano de seus patrões – o grande capital. O plano da burguesia é retirar Bolsonaro das eleições de 2026 e forçá-lo a entrar em um acordo que permita aos capitalistas eleger o seu candidato preferencial no próximo pleito.

Ainda não está claro quem será o candidato escolhido pelo imperialismo. O que está claro, no entanto, é que política o grande capital necessita aplicar no Brasil: a política neoliberal mais selvagem e mais extremada possível, como está sendo testemunhada pelo povo argentino com o psicopata Javier Milei.

Essa política não pode ser implementada com uma liderança como Jair Bolsonaro, que é muito pressionado por sua base. Tampouco poderá ser implementada pelo presidente Lula, que é a maior liderança popular do País. Por isso, ao que tudo indica, a burguesia procura um candidato como o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que já foi apresentado pela revista Veja como o “Plano T” – isto é, a alternativa ao lulismo e ao bolsonarismo.

Com a coleção de fracassos do governo Lula, é possível que a burguesia consiga pressionar o petista a desistir de concorrer à reeleição. Esse seria, assim, o cenário perfeito para o grande capital: uma eleição sem Lula, nem Bolsonaro. Se a burguesia conseguirá as condições para isso, dependerá do desenvolvimento da situação política. Mas não há como negar que este é o objetivo.

É por isso que, ao tornar Bolsonaro réu, o STF não está, de forma alguma, contribuindo para a luta contra a extrema direita no Brasil. Está, acima de tudo, contribuindo com o plano do imperialismo para dar um golpe contra os dois líderes mais populares do País e, assim, eleger um Milei brasileiro.

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