Nesta segunda-feira (03), soldados das forças israelenses de ocupação se vangloriam em rede nacional de televisão do estupro coletivo que perpetraram contra prisioneiro palestino.
Eles defenderam seus crimes em coletiva de imprensa transmitida pelo Canal 14, de “israel”. Durante toda a coletiva, eles estavam usando balaclavas (tipo de máscara) para esconder seus rostos e preservar suas identidades criminosas.
Fazendo-se de vítima, um deles declarou que “estou aqui hoje porque estou cansado do silêncio. Em vez de reconhecimento, recebemos acusações; em vez de agradecimentos, silêncio“. Prosseguindo em seu vitimismo calhorda, ele afirmou que “não nos permitiram responder nem dar explicações; fomos submetidos a um julgamento espetacular diante das câmeras, e vocês já haviam decidido quem era culpado“.
Ao mesmo tempo em que se fez de vítima, ele, como porta-voz dos demais soldados criminosos presentes, também se vangloriou do estupro, afirmando que “Não ficaremos em silêncio. Continuaremos lutando por justiça e por nossas famílias. Talvez vocês tenham tentado nos quebrar, mas se esqueceram de que somos a força de cem homens” e que “nós iremos prevalecer”.
O crime foi perpetrado em julho de 2024, na prisão de Sde Teiman (das forças israelenses de ocupação), estabelecimento notório pela tortura sistemática dos prisioneiros palestinos lá encarcerados. No mês seguinte, o Canal 12 de “israel” divulgou o vídeo das câmeras de segurança da prisão, em que mostrava o crime sendo cometido.
No registro, pode ser visto militares das forças de ocupação levando um prisioneiro palestino para um canto e o cercando com escudos para bloquear a visibilidade enquanto os militares perpetravam o crime. O prisioneiro foi repetidamente violentado com um objeto cortante, bem como agredido de outras formas, o que resultou em “ruptura intestinal, ferimentos graves no ânus, danos pulmonares e costelas quebradas”, conforme depoimento de um médico da prisão. Os danos aos pulmões e as fraturas nas costelas se deram em razão de espancamento perpetrado previamente ao estupro.
Em fevereiro de 2025, cinco militares israelenses foram indiciados pelos crimes – um major, um capitão, um sargento-mor, um sargento de primeira classe e um cabo. Eles pertencem à chamada Força 100, unidade de reserva da polícia militar isrealense responsável pela repressão em Sde Teiman. Nenhuma prisão preventiva dos criminosos foi determinada pelo judiciário israelense, mas um tribunal proibiu a divulgação de suas identidades.
Recentemente, na sexta-feira (31), Yifat Tomer-Yerushalmi, que vinha ocupando o cargo de principal advogada das forças de ocupação desde setembro de 2021, renunciou ao seu cargo após admitir ter vazado para a imprensa israelense o vídeo do estupro do prisioneiro palestino. Após ter “desaparecido” temporariamente, e de rumores sobre um suposto suicídio terem aparecido, Yerushalmi foi encontrada em uma praia em Telavive no domingo (02). Ela foi presa no mesmo dia.
Na segunda-feira, um tribunal em Telavive prorrogou a prisão preventiva da ex-procuradora militar por três dias.
Saudando a renúncia de Yerushalmi, o ministro da “Defesa” da entidade sionista, Israel Katz, afirmou que qualquer pessoa que espalhe “calúnias de sangue contra as tropas das FDI é indigna de vestir o uniforme do exército“. Em outras palavras, ele afirmou que o vídeo que comprova o crime seria uma calúnia de natureza antissemita.
Igualmente se mostrando como o criminoso e genocida que é, Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro de “israel”, lamentou que a publicação do vídeo foi “talvez o ataque de relações públicas mais grave que o Estado de Israel sofreu desde a sua fundação“.Já na época em que o vídeo foi divulgado (julho de 2024), o vazamento foi condenado por parlamentares israelenses, com o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, pedindo uma “investigação criminal imediata” para descobrir a fonte do vazamento e descrevendo o vídeo como tendo “prejudicado enormemente Israel internacionalmente“. Na mesma época, outro líder da extrema-extrema direita israelense, Itamar Ben-Gvir, ministro da Polícia, defendeu abertamente o estupro e a agressão contra o prisioneiro palestino.





