América Latina

Sob ditadura, Equador terá segundo turno

Presidente Daniel Noboa ficou em primeiro lugar na votação para presidente

Neste domingo (9) cerca de 14 milhões de equatorianos foram as urnas para eleger o novo presidente do país, 151 membros da Assembleia Nacional e cinco representantes ao Parlamento Andino para o período de 2025 a 2029.

O atual presidente, Daniel Naboa do Alternativa Democrática Nacional (ADN), e a candidata da oposição, Luisa González do Revolução Cidadã – apoiada pelo ex-presidente Rafael Correa – saíram na frente e vão disputar o segundo turno no dia 13 de abril. Mais 14 candidatos estavam concorrendo para o executivo. A pequena diferença, de menos de 50 mil votos, entre os candidatos indica uma disputa acirrada no segundo turno.

Naboa e González já haviam se enfrentado nas eleições antecipadas de 2023, nas quais Naboa saiu vitorioso. Entretanto, as pesquisas apontam para um não definição no primeiro turno, disputando o segundo turno Naboa e González, sendo necessário esperar para até 13 uma definição.

Pelas regras eleitorais do Equador, um candidato precisa de mais de 50% dos votos ou pelo menos 40% com uma vantagem superior a 10 pontos sobre o segundo colocado para ser eleito. Votos nulos ou brancos não são contabilizados. O voto é obrigatório para pessoas entre 18 e 65 anos e o Conselho Nacional Eleitoral realizou dois dias de votação antecipada, na quinta e sexta-feira, para presos sem sentença, idosos e pessoas com deficiência.

As eleições estão sendo realizadas neste momento porque o mandato do atual presidente durou apenas 18 meses, correspondendo ao tempo restante da gestão anterior. Isso ocorreu porque Guillermo Lasso, antecessor de Naboa, enfrentava um processo de impeachment na Assembleia Nacional e, em maio de 2023, optou por dissolver o parlamento utilizando o mecanismo conhecido como “morte cruzada”. Esse dispositivo constitucional lhe permitiu encerrar as atividades da Assembleia Nacional e convocar eleições antecipadas, abreviando seu próprio governo.

Pouco após chegar ao poder, valendo-se do pretexto da “segurança pública”, Noboa colocou o país sob estado de sítio, suspendendo direitos democráticos da população equatoriana.

A situação econômica do país é destaque nestas eleições. Segundo dados do Banco Central, o país enfrenta uma estagnação econômica.
A crise energética, com apagões de até 14 horas por dia durante três meses até o final de 2024, agravou a situação e há previsões de mais cortes de energia em abril se o governo não implementar medidas para evitá-los.

Naboa publicou durante a manhã uma foto ao lado de sua família e escreveu: “Pronto para ir votar”. González chegou à seção eleitoral acompanhada de apoiadores. Após cotar, a candidata declarou que o processo eleitoral foi marcado por irregularidades, afirmando que Naboa fez campanha eleitoral sem pedir licença do cargo, violando a Constituição equatoriana. A candidata também criticou a presidente do Conselho Eleitoral Nacional, Diana Atamaint, afirmando que ela foi “gerente de campanha” de Noboa, permitindo que “irregularidades fossem cometidas”

“Estamos caminhando da minha casa até aqui com a esperança de dias melhores. Eles são o medo, nós somos a esperança”, disse González a jornalistas.

No sábado (8), o Grupo Puebla, fórum que reúne dezenas de políticos de esquerda da América Latina e da Espanha, apoiou González e sua denúncia de que as Forças Armadas do Equador prepararam um sistema de contagem voto paralelo para as eleições. O grupo é composto por políticos de destaque no cenário latino-americano, como o presidente Lula, Luis Arce, Pepe Mujica, José Luis Rodríguez Zapatero e Rafael Correa.

“Grave e inaceitável: as Forças Armadas equatorianas estão realizando sua própria contagem de votos, usurpando as funções do Conselho Nacional Eleitoral (…). Em uma democracia, as eleições são contadas pelas autoridades eleitorais, não pelos militares”, declarou o grupo em um comunicado nas redes sociais.

Naboa conta com o respaldo de todo o aparato governamental, da direita, da mídia nacional e internacional, do Conselho Nacional Eleitoral, da embaixada dos EUA, de Donald Trump, do sionismo e da oligarquia equatoriana.

Naboa foi um dos poucos presidentes latino-americanos presentes na posse de Donald Trump, juntamente de Javier Milei da Argentina e Santiago Peña do Paraguai.

Seu governo foi marcado pelo autoritarismo, apoderando-se do poder sob um estado de emergência permanente, anulando todas as liberdades democráticas e impondo uma ditadura de fato. Naboa chegou até mesmo a sequestrar da embaixada mexicana o ex-candidato a vice-presidente Jorge Glas, mantendo-o aprisionado sob falsas acusações.

Gonzáles, por sua vez, é herdeira política de Rafael Correa, um governo marcado pelo crescimento e desenvolvimento contínuo. Durante seu governo a capacidade total de geração de energia aumentou cerca de 60%, segundo o Ministério de Minas e Energia. Nesse período, uma nova constituição colocou quase todo o setor energético sob controle estatal, o que permitiu a expansão já que a produção não visava lucro.

A candidata da Revolução Cidadã teve como lema de campanha “recuperar a Pátria”. Focando na liquidação da dívida social, ou seja, reinvestir em áreas essenciais como educação, saúde e geração de empregos. González defende o fortalecimento do setor público, debilitado pelos governos anteriores. Ela também apoia o uso de reservas internacionais para a construção de obras fundamentais no país, defende a formalização de micro e pequenas empresas e a realização de uma auditoria da dívida pública desde 2017.

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