Economia

Sob chefia de Galípolo, Banco Central aumenta taxa de juros em 1%

Decisão, tomada durante primeira reunião do Copom da nova gestão, foi unânime

Nesta quarta-feira (29), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) aumentou a taxa de juros em 1%, atingindo 13,25%. A decisão, tomada durante a primeira reunião do comitê de 2025 e sob presidência de Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Lula, foi unânime.

Segundo informações do próprio Banco Central, a cada 1% de aumento na taxa de juros, o governo precisa destinar 55 bilhões a mais do orçamento federal para o pagamento dos juros da dívida pública.

O Copom tentou justificar sua decisão afirmando que a elevação da Selic é “compatível” com a política econômica adotada para diminuir a inflação. “O cenário mais recente é marcado por desancoragem adicional das expectativas de inflação, elevação das projeções de inflação, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho, o que exige uma política monetária mais contracionista”, afirma o colegiado.

Em dezembro de 2024, quando Roberto Campos Neto ainda era presidente da autarquia, o Copom havia indicado que seguiria aumentando a Selic, taxa de juros básica da economia, em 2025. Na ocasião, o comitê ainda indicou que aumentaria a taxa em mais um ponto percentual na reunião de março. Isso foi confirmado por comunicado acerca da decisão:

“Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, o comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de mesma magnitude na próxima reunião.”

A autarquia também criticou, de maneira indireta, a política fiscal do governo Lula:

“A percepção dos agentes econômicos sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida segue impactando, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes.”

No texto, o Banco Central ainda afirma que não possui definição sobre o que será feito a partir da reunião de maio, em seguida da que ocorrerá em março. Nesse sentido, a autarquia deixa em aberto a possibilidade de um novo aumento na taxa:

“Para além da próxima reunião (em março), o comitê reforça que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, diz o comunicado.

A possibilidade de um terceiro aumento é reforçada ainda mais pelo fato de que, na mesma reunião, o comitê aumentou sua projeção para a inflação acumulada em 12 meses no fim do terceiro trimestre de 2026 em 0,2%, atingindo os quatro pontos percentuais.

Esta também foi a primeira reunião do Copom com a participação dos novos diretores, todos chancelados por Lula: Nilton David, de Política Monetária; Gilneu Vivan, de Regulação; e Izabela Correa, de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta. Com isso, o presidente passa a ter mais indicados no comitê que Bolsonaro.

Cabe ressaltar que a decisão do Banco Central brasileiro ocorreu no mesmo dia em que o BC dos Estados Unidos decidiu manter a taxa de juros, encerrando a tendência de diminuição.

Imprensa burguesa se anima

Diante da decisão do Banco Central, a imprensa burguesa ficou animada. É o caso, principalmente, do Estadão, jornal que melhor representa a política da burguesia mais ligada ao imperialismo no Brasil.

Poucas horas depois, Alvaro Gribel, um dos colunistas de Economia do jornal golpista publicou um artigo intitulado BC de Galípolo dá continuidade à gestão Campos Neto e aperta os juros para combater a inflação“O Banco Central sob Gabriel Galípolo permanece com o mesmo compromisso de combater a inflação que havia sob a gestão do ex-presidente Roberto Campos Neto”, diz.

Já Celso Ming, colunista da mesma editoria, publicou o artigo de opinião Na estreia de Galípolo, Copom eleva juros e endurece o tom contra a política fiscal do governo. Ming já inaugura o texto, inclusive, criticando o presidente Lula e seu “negacionismo” no que diz respeito “ao rombo das contas públicas” que, para o colunista, “está saindo caro para o País e para ele”.

“Ninguém gosta de juro alto. Mas agora o presidente Lula não pode mais desancar a presidência do Banco Central, como o fez no tempo da liderança de Roberto Campos Neto, já que o novo presidente, Gabriel Galípolo, e a maioria dos diretores estão lá por condução do próprio presidente. A decisão do Copom sob o novo comando foi especialmente dura”, afirma.

Celso Ming ainda ressalta que “o atual ciclo de alta dos juros parece longe do fim”. “Juros altos concorrem inexoravelmente para o aumento da dívida pública, para o encarecimento do crédito, para a redução da atividade econômica e para o desgaste do governo perante a opinião pública”, completa.

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