Nesta segunda-feira (18), a agência britânica de notícias Reuters noticiou, reproduzindo informações de relatório Programa Mundial de Alimentos (PMA) da Organização das Nações Unidas (ONU), que mais da metade da população da Síria, de 25,6 milhões, está passando fome, três milhões dos quais podem enfrentar fome severa.
Isto se dá em razão de crise de trigo por que passa o país. Segundo relatório de junho da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), há um déficit de trigo estimado em 2,73 milhões de toneladas este ano. Esta quantidade que falta poderia limitar 16 milhões de pessoas durante um ano. Esse déficit vem prejudicando o programa de pão subsidiado da Síria, essencial para as famílias comuns. Falando à Reuters, Toni Ettel, representante da FAO na Síria, declara que “metade da população está ameaçada de sofrer com a seca, especialmente quando se trata da disponibilidade de pão, que é o alimento mais importante durante a crise“.
Agravando a situação, o país passa pelo que seria a pior seca em 36 anos, conforme noticiado pela Reuters. No entanto, a agência do imperialismo diz que o governo golpista, cujo presidente é Ahmed al-Sharaa (Mohammad al-Julani), colocado no poder por uma frente golpista entre Turquia e imperialismo, “tem sido lento em mobilizar apoio internacional para grandes compras de grãos”.
A Reuters noticia, citando autoridade do governo sírio, que decidiu permanecer anônima, que “o novo governo comprou apenas 373.500 toneladas de trigo de agricultores locais nesta temporada”, metade do volume adquirido em 2024, de forma que o governo necessita “ importar cerca de 2,55 milhões de toneladas este ano”.
Apesar disto, Reuters informa, o governo não anunciou nenhum grande acordo de importação de trigo, e que está contando com pequenos embarques privados, por meio de contratos diretos com importadores locais. Citando duas fontes que atuam nesse setor, e que falaram em condição de anonimato, a agência britânica notícia que essas compras totalizam apenas 200.000 toneladas de trigo.
Paralelamente a esta situação, o bloco europeu do imperialismo começou a fazer propaganda contra o governo sírio em face dos massacres contra alauítas, perpetrados no primeiro semestre de 2025 por tropas governamentais e grupos armados aliados.
Na sexta-feira (15), foi publicada a declaração do Porta-voz sobre o Relatório da Comissão Internacional Independente de Inquérito sobre Violações contra civis na Costa e Centro-Ocidental da Síria em Janeiro – Março de 2025.
Nela, “a União Europeia saúda a publicação hoje do relatório da Comissão de Inquérito (CdI) das Nações Unidas sobre as violações cometidas contra civis na costa e no centro-oeste da Síria entre janeiro e março de 2025”. O bloco louvou “trabalho diligente da Comissão na documentação de graves violações dos direitos humanos internacionais e do direito humanitário e acolhemos as suas recomendações”, bem com instou o governo da Síria a “acompanhar prontamente a implementação das recomendações, a fim de responsabilizar todos os alegados autores”.
Na declaração, o bloco europeu do imperialismo também afirma que “cresce a preocupação com a trajetória recente dos eventos na Síria e os ciclos repetidos de violência, que agravam as tensões na comunidade”, afirmando ser necessário que o governo sírio “tomem medidas urgentes para o desarmamento, a desmobilização e a reestruturação das forças de segurança nacionais, em conformidade com as normas e padrões internacionais”, reforme o poder judiciário “de forma abrangente o sistema judiciário sírio para que este possa defender o Estado de Direito” e sejam realizados “esforços para […] um processo de transição genuinamente inclusivo e pacífico – que transcenda as divisões sectárias, impeça a incitação e o discurso de ódio e rompa com o ciclo de violência”.
A publicação dessa declaração do imperialismo contra os massacres ao alauítas (grupo que era a principal base do governo Bashar al-Assad, derrubado pelo golpe pró-imperialista), e a crise de fome por que passa a Síria, decorre de uma grande crise política porque o bloco golpista está dividido, Turquia de um lado, imperialismo de outro.





