O ativista internacionalista Thiago Ávila denunciou na noite de quinta-feira (06/02) ter recebido ameaças assinadas pelo Mossad, serviço de inteligência de “Israel”. O documento continha um texto em árabe, acompanhado do logotipo do Mossad e da foto de seu diretor, David Barnea. Abaixo, reproduzimos a foto divulgada pelo ativista:
“Estamos observando tudo o que você faz”
O conteúdo do texto acusa Ávila de estar envolvido em “atos de terrorismo contra o Estado israelense”, afirmando que a resposta do Mossad a tais ações será “precisa”. O comunicado ainda declara: “Caso você não falhe em provar sua inocência e provar a nós que você não é parte destas gangues terroristas, nós manteremos seus direitos humanos”.
A mensagem também adverte: “Mas, caso você seja culpado e incapaz de provas sua inocência para nossas autoridades, nós responderemos a você com nossos procedimentos”. Por fim, o sionista responsável conclui: “Nós estamos observando tudo que você faz de agora em diante e adicionaremos essas informações ao seu arquivo. Nós estamos seguindo você e recomendamos que você responda imediatamente e prove sua inocência”.
Ameaças recorrentes
Após receber a ameaça, Thiago Ávila procurou uma delegacia especializada para registrar uma queixa-crime. Ainda não há confirmação se o Mossad é de fato o responsável pela carta ou se se trata de uma falsificação de outros agentes sionistas.
As intimidações contra Ávila não são um caso isolado. Seu engajamento na causa palestina, que inclui a participação em manifestações e a organização de missões humanitárias à Faixa de Gaza, tem feito dele um alvo frequente.
O ativista também relatou que seu nome foi vinculado ao terrorismo por diversas fontes. “Fui incluído pelo deputado bolsonarista e sionista Bruno Gayer [PL-GO] em sua lista que foi enviada ao Departamento de Estado do Estados Unidos alegando que eu era ‘apoiador do terrorismo’”, declarou.
Além disso, durante uma missão humanitária organizada pela Flotilha da Liberdade com destino a Gaza, a lista de participantes foi vazada, e seu nome apareceu na imprensa de “Israel”, onde foi apontado como ‘terrorista’ e alvo de prisão.
Sionismo persegue ativistas impunemente no Brasil
As ameaças contra Ávila são mais um episódio da perseguição sistemática de ativistas pró-Palestina no Brasil. Desde os acontecimentos de 7 de outubro de 2023, quando o Hamas liderou a mais ousada ação revolucionária para a libertação da Palestina desde o início da invasão sionista, esse tipo de intimidação tem se intensificado, tanto por parte de grupos sionistas quanto por agentes do próprio Estado brasileiro.
Em novembro de 2024, o próprio Thiago Ávila foi detido em duas ocasiões pela Polícia Federal (PF), uma no aeroporto de Londres e outra em Guarulhos, ao regressar de uma viagem ao Líbano. Os policiais questionaram detalhes de sua viagem, como a rota percorrida, os objetivos do deslocamento e as pessoas com quem se encontrou. “Perguntaram sobre o nome, quem eram, descrições físicas (…) eu disse que não estava disposto para responder nenhuma dessas perguntas”, relatou nas redes sociais.
Outro caso emblemático é o de Lucas Passos, foi preso ao retornar do Líbano ainda em 2023, sob a acusação de que teria ligações com o partido revolucionário libanês Hesbolá (que não é reconhecido pelo governo brasileiro como organização terrorista) e estaria planejando atentados contra alvos localizados no Brasil, acusação sustentada pelo fato do rapaz teria feito pesquisas sobre cemitérios judeus, sinagogas e personalidades judaicas, se é que fez. A detenção, claramente arbitrária, reflete o avanço da criminalização do ativismo e da solidariedade à Palestina.
Em junh do ano passado, a PF barrou a entrada do professor palestino Muslim Abuumar no Brasil. Ele viajava com familiares para visitar um irmão, mas acabou detido por três dias e, ao final, deportado de maneira arbitrária. O motivo da detenção foi um pedido do FBI, que alegava que Abuumar constava em uma lista de supostos suspeitos ligados ao Hamas, o que mesmo que fosse verdade, também não seria crime, uma vez que o Hamas não é reconhecido como organização terrorista no Brasil.
Casos semelhantes atingiram outras figuras progressistas, como o jornalista Breno Altman, que foi alvo de sanções do judiciário paulista e de uma investigação da Polícia Federal baseada em acusações infundadas de antissemitismo feitas pela Confederação Nacional Israelita Brasileira (Conib).
A repressão contra Altman não foi um evento isolado. O Partido da Causa Operária (PCO) também tem sofrido ataques sistemáticos, com ameaças contra seus militantes, censura de seus canais no YouTube e processos criminais contra integrantes do partido devido à sua defesa incondicional da Revolução Palestina, do Hamas e da Resistência. A ofensiva contra o PCO e seus quadros faz parte de uma tentativa coordenada de silenciar qualquer denúncia contra os crimes da ditadura sionista e impedir o fortalecimento da luta do povo palestino.