Desde a espetacular e vitoriosa ação militar do Hamas em território palestino ilegalmente usurpado e ocupado por “Israel”, em 7 de outubro de 2023, nenhuma organização israelense de direitos humanos havia, até então, tomado a decisão de acusar seu próprio país do crime mais grave que vem sendo perpetrado pelo governo criminoso liderado pelo primeiro-ministro carniceiro, Benjamin Netanyahu: o genocídio, como tipificado por organismos humanitários internacionais. Esse silêncio foi quebrado no último dia 28, quando duas ONGs de prestígio mundial se juntaram às crescentes vozes de juristas – inclusive israelenses –, ativistas e entidades humanitárias que denunciam que o que “Israel” está realizando constitui a mais grave violação de direitos contra uma população civil desarmada e indefesa.
B’Tselem é uma organização criada para documentar violações dos direitos humanos em Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental. Já a Médicos pelos Direitos Humanos – Israel (PHR-Israel) foi fundada um ano antes, por um grupo de médicos israelenses que defendiam o direito à saúde tanto em Israel quanto nos Territórios Palestinos Ocupados. (Fonte: El País, 28/7)
De acordo com os relatórios apresentados pelas ONGs, diariamente dezenas de pessoas morrem de desnutrição. “92% das crianças entre seis meses e dois anos não recebem comida suficiente” e “ao menos cem crianças já morreram de fome”. O texto destaca que “Israel” “deslocou nove em cada dez habitantes de Gaza; destruiu ou danificou 92% das casas e deixou mais de meio milhão de crianças sem escolas”. Também foram encerrados “serviços essenciais de saúde, como diálise, cuidados maternos, tratamento de câncer e controle de diabetes”. (Fonte: El País, 28/7)
Todavia, longe de sinalizar uma vitória militar contra o Hamas ou um avanço sólido das forças armadas sionistas, esses números revelam, na verdade, uma profunda crise dentro do regime criminoso de Netanyahu. O exército israelense atravessa, neste momento, seu ponto mais crítico: multiplicam-se os casos de deserção, a recusa de soldados em ir ao fronte, o número de suicídios e até declarações de oficiais das próprias Forças de Defesa de Israel reconhecendo que não é possível derrotar o Hamas. Além disso, crescem os protestos dentro de “Israel” exigindo o retorno dos reféns.
Some-se a isso o fato de que não há qualquer retração entre os combatentes do Hamas e da Resistência. Pelo contrário: a cada dia, o grupo islâmico se fortalece com centenas de novas adesões às suas fileiras.
As operações militares executadas nas últimas semanas revelam a extrema covardia das tropas sionistas, que se aproveitam do desespero da população faminta em busca de alimentos para atrair multidões e, assim, atacá-las com tiros e bombas. Trata-se de uma tática genocida deliberada, voltada não contra combatentes, mas contra civis indefesos.
As ações do exército israelense não têm como alvo o Hamas ou os grupos da Resistência. Elas miram, de forma consciente e sistemática, a população civil — faminta, desamparada e submetida à barbárie de um cerco criminoso.




