Irã

Selvageria em Gaza derrubou ilusões com Direito Internacional

Genocídio de "Israel" contra o povo palestino mostrou à juventude universitária iraniana que acordo com países desenvolvidos não é possível, diz professor

Meses atrás, em entrevista à imprensa alternativa, o professor de Literatura Inglesa e Estudos Orientais na Universidade de Teerã Seyed Mohammad Marandi – cuja vida foi alvo de atentado pelo sionismo enquanto falava à televisão estatal iraniana recentemente -, disse que a extrema selvageria do imperialismo no extermínio de Gaza estava dissolvendo para a juventude universitária iraniana a ideia de que era possível um acordo com os países desenvolvidos, dissipando as ilusões no chamado “Direito Internacional”.

Com a morte do ex-presidente Raisi, um representante político da Revolução Islâmica, e a eleição de Pezeshkian, um reformador, cujo mandato logo completará um ano, no entanto, ficou demonstrado de maneira concreta que um setor importante da população, influenciado pelo Bazar, a burguesia nacional iraniana, ainda acreditava na possibilidade de um acordo com o imperialismo, particularmente com os Estados Unidos.

Com o ataque covarde dos sionistas na última semana, preparado durante as negociações, uma mudança qualitativa se deu: para o grosso da população iraniana qualquer acordo se mostra, finalmente, uma impossibilidade.

Não foram só os iranianos os impactados pelos acontecimentos dos últimos quase dois anos na região. Em excelente artigo de opinião, publicado no sítio iraniano HispanTV, Xavier Villar escreve sobre a Agresión israelí a Irán e hipocresía del orden internacional liberal, ou seja, da ordem internacional imposta pelo grande capital.

Enquanto os porta-vozes do imperialismo bradam há décadas que o programa nuclear iraniano seria um perigo para o mundo, é notório – ainda que por ninguém admitido -, que os fanáticos sionistas têm dezenas (talvez centenas) de artefatos nucleares. O Estado de “Israel” nunca se submeteu aos ditames do Direito Internacional: não é signatário do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP) e nunca permitiu a inspeção da usina de Dimona à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Não se pode dizer o mesmo dos iranianos, e o que receberam por isso?

Xavier Villar responde de maneira perfeita:

“Este ataque, que ceifou vidas tanto de civis alheios ao conflito quanto de altos comandantes militares e cientistas, revela um doloroso paradoxo: o Irã, submetido durante anos a inspeções, sanções e pressões diplomáticas sob o pretexto da não proliferação, é atacado justamente por aqueles que se autoproclamam defensores da estabilidade regional e da paz. A lógica da segurança ocidental parece reservar a violência preventiva e a ameaça nuclear como prerrogativas exclusivas de alguns poucos, enquanto ignora o direito do Irã à vida, à soberania e à autodeterminação.”

Para colocar em poucas palavras: o Direito Internacional é a ditadura sobre uns e o privilégio de impor uma ditadura para outros. Vale a lei da força. É justamente por isso que a Síria e a Líbia foram destruídas e que a Coreia Popular sobrevive.

Nesse cenário, como Villar reconhece, o único caminho racional para a República Islâmica do Irã é o desenvolvimento de armas nucleares, tornando-se forte o suficiente para se defender da agressão do imperialismo. Si vis pacem, para bellum (“Se queres a paz, prepara-te para a guerra”, em português). Como disse o jornalista e militante do PT Breno Altman recentemente à TV 247, “uma bomba atômica do Irã seria um instrumento de paz.”

No mundo real, o discurso pacifista vazio só contribui para a continuidade e o aprofundamento da ditadura do grande capital. Os defensores da soberania dos povos só podem se apoiar no “Direito Internacional” para denunciar as falcatruas do imperialismo, mas nada mais.

Afinal, “A defesa da legalidade e da paz é invocada apenas quando convém aos interesses das potências dominantes [imperialismos norte-americano e europeu]; quando não, recorre-se à força e à justificação por meio da imprensa, mesmo que isso implique a destruição de vidas civis e a erosão dos princípios mais elementares do direito internacional.”

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