A Polícia Federal enviou, na última sexta-feira (14), ao ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), relatório no qual indiciou o ex-ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida pelo crime de “importunação sexual”. O documento foi encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR), que decidirá, na figura do ministro Paulo Gonet, se oferece denúncia, pede novas diligências ou arquiva o caso. O procedimento marca mais um capítulo da crise iniciada em setembro de 2024, quando Almeida foi derrubado do governo após denúncias divulgadas pela ONG imperialista Me Too Brasil.
As acusações envolveriam supostos episódios ocorridos em 2023 e atribuídos também à ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. O caso é conduzido, desde o início, por setores estranhos ao governo, principalmente a Me Too Brasil, organização que deflagrou a denúncia e, apesar disso, não apresentou qualquer comprovação pública dos relatos.
5 de setembro de 2024: denúncia é feita pela Me Too Brasil
A crise começou quando o colunista Guilherme Amado, do portal direitista Metrópoles, publicou que a Me Too Brasil havia recebido relatos anônimos de assédio sexual atribuídos ao então ministro Silvio Almeida. Segundo o texto, “as mulheres que denunciaram Silvio Almeida pediram anonimato” e a ONG se recusou a apresentar qualquer prova ou detalhamento, alegando preservar “vítimas”. A própria Anielle Franco afirmou na época não ter feito nenhuma denúncia ao grupo.
A ONG, que se apresenta como defensora de vítimas de violência sexual, é financiada por corporações internacionais, entre elas a Febraban e a UBER. Como destacou o Diário Causa Operária na ocasião, trata-se de uma organização que serve aos interesses do imperialismo, o que se expressou também no episódio revelado pelo Ministério dos Direitos Humanos sobre tentativa da Me Too de interferir na licitação do Disque 100, em 2023. A própria pasta identificou “histórico relacional controverso” da entidade.
No mesmo dia, Silvio Almeida ingressou na Justiça solicitando esclarecimentos da ONG. Ele declarou “repudiar com absoluta veemência” as acusações, afirmando que não passavam de “ilações absurdas com o único intuito de me prejudicar”.
6 de setembro de 2024: Lula demite o ministro
Antes mesmo de qualquer apuração se iniciar, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em entrevista, que “alguém que pratica assédio não vai ficar no governo”. Horas depois, após reunião no Palácio do Planalto, Almeida foi demitido.
Como analisado pelo Diário Causa Operária, a decisão de Lula atendeu à pressão de setores identitários e da própria imprensa burguesa, reproduzindo o método reacionário das denúncias sem prova — método que a ala identitária ajudou a moralizar no interior do governo. Este Diário registrou à época que o ministro, um dos principais representantes dessa política, “terminou rifado pelo monstro que ajudou a alimentar”.
Março de 2025: ONG imperialista ataca novamente
Em março de 2025, a Me Too Brasil abriu queixa-crime no STF acusando Silvio Almeida de difamação. A ONG alegou que o ex-ministro “extrapolou a liberdade de expressão” ao afirmar que a entidade tentou interferir no Disque 100, acusação cuja existência havia sido admitida publicamente pelo próprio Ministério no ano anterior. A ação foi relatada pela ministra Carmen Lúcia.
A Me Too pediu punição tripla com base em suposta divulgação dos conteúdos na Internet. Segundo a defesa de Almeida, causa estranhamento que, em vez de esclarecer os fatos ou apresentar provas das denúncias originais, a ONG tenha direcionado sua atuação para atacar o ex-ministro, “desviando o foco e lançando ofensiva” para blindar seus métodos.
14 de novembro de 2025: PF conclui inquérito
O indiciamento anunciado da sexta-feira faz parte desse processo político iniciado por uma acusação anônima de uma ONG estrangeira, que posteriormente passou a processar o próprio ex-ministro. Na fase inicial do caso, o próprio Metrópoles revelou que a abertura do inquérito foi “provocada pelo próprio Almeida”, que buscava esclarecer as acusações.
‘Cai numa armadilha. Ela também’
Em outubro de 2024, Anielle Franco declarou que nunca realizou denúncia junto à Me Too Brasil: “não tinha nenhum contato com o Me Too. Me associaram como sendo uma das denunciantes, mas eu nunca fiz uma denúncia ao Me Too”. Ela afirmou ainda que “demorou um pouco para acreditar” que determinadas atitudes de Almeida configurariam assédio.
Em fevereiro de 2025, o ex-ministro declarou ao UOL que tanto ele quanto Anielle Franco “foram enredados e jogados em uma armadilha”. Ele afirmou:
“Quando você se torna ministro de Estado, a intriga se torna uma arma política. A ministra Anielle Franco caiu numa armadilha pela falta de compreensão de como funciona a política. A mesma armadilha que eu caí também.




