O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a ganhar os holofotes da imprensa imperialista por aplausos indignos de um representante dos trabalhadores, recebidos de golpistas como a ministra do Planejamento Simone Tebet (MDB) e ninguém menos do que o ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB, eleito intitulando-se ‘Bolsodoria’), expoentes da direita mais diretamente ligada ao imperialismo e que agora o chamam de “herói”, defensor de uma política econômica “séria”. Na última quinta-feira (13), Tebet declarou à golpista Globonews que “o ministro Haddad é um verdadeiro herói nesse sentido, de enfrentar uma resistência do próprio partido”, como se fosse a coisa mais incrível do mundo o ministro resistir a pressão por uma política econômica que atenda a base social do PT.
Tebet exaltou ainda a postura de Haddad ao rejeitar “fórmulas passadas que não deram certo” e “subsídios” (ou seja, o programa mais nacionalista do PT), prometendo um orçamento que cumpre “regras fiscais”. “Nós temos que cumprir meta [de déficit] zero e vamos cumprir”, disse ela, destacando a inclusão de programas como Pé-de-Meia e Auxílio-Gás no planejamento fiscal.
Um dia antes, na quarta-feira (12), Doria afirmou no Brasil Summit 2025, organizado pela sua empresa de lobby Lide: “é uma boa política econômica conduzida pelo ministro Fernando Haddad”. Ainda, o ex-governador tucano elogiou o diálogo do ministro com o setor empresarial: “Haddad conseguiu estabelecer um diálogo produtivo com o setor produtivo”. Ele ainda criticou os ataques internos ao ministro, chamando-os de “incongruências”: “é incompreensível que pessoas do próprio governo atirem no ministro”.
Esses elogios, porém, não são um troféu – são um alerta. Se a frente ampla abraça Haddad, é porque ele dança conforme a música dos bancos, e isso é exatamente o que está afundando o governo Lula em uma crise nunca antes experimentada pelo principal líder popular do Brasil. Essas falas não vêm de aliados naturais – vêm de quem sempre serviu aos interesses do capital financeiro e agora vê em Haddad um executor fiel dessa política.
O que está por trás desses afagos é claro: Haddad se mostrou um agente dos banqueiros no governo federal. A meta de déficit zero, obsessão de Tebet, é o santo graal dos vampiros, que lucram com juros altos e cortes em gastos públicos. Doria, elemento da direita tucana, não o elogia por acaso – ele reconhece em Haddad um político que busca beneficiar os interesses do mesmo campo social do ex-governador. “Não se pode misturar política ideológica com política econômica”, disse Doria, usando a verborragia tradicional do imperialismo quando quer atacar uma política que beneficia interesses que não são os seus.
Tebet ainda apontou um erro do governo – a comunicação – e sugeriu “linguagem simples” para explicar as medidas: “é ter o diagnóstico certo e usar ele a nosso favor”, como se a classe trabalhadora não entendesse – pelo menos desde a época da Ditadura Militar (1964-1985) – o que significam expressões como “remédio amargo” quando proferidas por governantes. Não é algo que o novo ministro da Comunicação irá resolver, porque o problema não é a forma, mas o conteúdo político.
Haddad só pode agradar os banqueiros expropriando a população. Ao fazê-lo, o governo perde apoio popular, um desenvolvimento natural da política de cortes e arrocho. A frente ampla, que uniu PT à direita mais ligada ao imperialismo, renova sua principal característica: a de ser uma força dedicada a emperrar qualquer tentativa do governo Lula de atender sua base social.
Essa política de agradar banqueiros e direitistas tem um custo elevado e já sentido. Haddad, celebrado por quem já defendeu arrocho e privatizações, não é solução – é parte do cavalo de Troia no governo Lula. Tebet e Doria o aplaudem porque ele consegue fazer o que o imperialismo quer: conter a política nacionalista, desmoralizar o governo e, ainda, atender os piratas que rapinam o País. O resultado é a crise no Planalto, que incapaz de cumprir promessas, torna-se mais e mais refém de aliados que só aumentam a pressão contrária. Se Haddad é o “herói” dessa corja, então é hora de Lula acordar e demiti-lo antes que a ruína seja completa.