O artigo A CIA falhou, de César Fonseca e publicado no Brasil247 neste domingo (23), é uma prova de que a “luta contra o fascismo” serve para transformar a esquerda em um puxadinho do Partido Democrata americano, que é democrata apenas no nome. Em nome de criticar Donald Trump, Joe ‘Genocida’ Biden é vendido por Fonseca como alguém de espírito democrático.
Na época em que a esquerda pequeno-burguesa lançou a palavra de ordem “Ele não”, contra Jair Bolsonaro, deixou a seguinte pergunta: “Então, quem?” A resposta veio rápido: “Qualquer um”. E esse qualquer um, obviamente, era alguém de interesse da burguesia.
Durante a campanha para as últimas presidenciais, a maioria da esquerda tentou escantear Lula e emplacar um candidato da chamada terceira via. Notadamente João Doria, ou Bolsodoria; bem como Ciro Gomes, um tucano que andou voando por aí, mas já voltou ao ninho. Confrontados com Bolsonaro, essas figuras direitistas eram apresentadas como “progressistas”.
Fonseca inicia seu texto elogiando Alexandre de Moraes, outro tucano que foi ministro do golpista Michel Temer. Diz que “é muita ingenuidade achar que o telefonema do presidente Donald Trump para o ex-presidente Bolsonaro, na véspera da prisão do líder fascista golpista tupiniquim, pelo ministro Alexandre de Moraes, por ter tentado detonar tornozeleira com ferro de solda, tenha sido uma coincidência”.
Quem lê o trecho acima pode ficar com a falsa impressão de que o senhor Moraes seja um caçador de fascistas.
O articulista afirma que Trump foi “derrotado por Lula no tarifaço”. Será mesmo? O presidente americano é famoso por falar, ameaçar e logo voltar atrás. E como teria sido essa vitória? O tempo todo o Brasil esteve atrás de negociação. E a esquerda não consegue se decidir se o correto é amar ou odiar Donald Trump.
Na cabeça de César Fonseca, haveria uma trama em estilo cinematográfico, com apoio da CIA, para colocar Bolsonaro salvaguardado na embaixada americana. O ex-presidente teria tentado violar a tornozeleira eletrônica, e que “a marca do crime ficou no objeto do sujeito que revelou sua criminalidade e justificou sua prisão perante a opinião pública; as interconexões dos sinais eletrônicos, contidos na tornozeleira, despertou a polícia federal, que agiu, rapidamente, e segurou o elemento”.
Desde quando uma tentativa de fuga, se é que houve, revela a criminalidade? E é de se notar a exaltação da polícia federal (aquela que investigou Dilma e prendeu Lula), que teria agido prontamente.
O que teria falhado? Para Fonseca, “o problema é que a inteligência americana, a CIA, que, outrora, no Brasil, tinha seu endereço nas próprias dependências da Polícia Federal, desde final da ditadura militar, falhou”. Bem, a influência da CIA sobre a PF é evidente. Desde a operação Dilúvio de Al-Aqsa que a PF tem barrado palestinos de entrarem no Brasil. E, como já denunciamos, Lucas Passos está preso por ordens do Mossad.
Não se sabe o porquê, Fonseca defende que atualmente “os Estados Unidos, no terceiro governo Lula, deixaram de ter influência decisiva em instituições republicanas brasileiras fundamentais, a começar pelo Supremo Tribunal Federal”. Em que se baseia essa informação?
Fonseca escreve que “as chances de acontecer o que aconteceu na sucessão de 2018, em que o Exército, sob comando do general Villas Boas Correia, aliado da Casa Branca, deixaram de existir; em sua posse, em 2019, Bolsonaro chegou a dizer que devia sua chegada ao poder graças a ação do general; e o que o general fez naquela ocasião? Todos sabem: pressionou o STF a não conceder, em 2018, habeas corpus para Lula, que fora preso”.
O que Fonseca omite, é que o herói da democracia, Alexandre de Moraes, tinha votado pela prisão de Lula antes mesmo de ter havido a ameaça de Villas-Bôas. O articulista também não esclarece que a impedir que Lula concorresse ou participasse da campanha de Fernando Haddad foi uma atitude ilegal do STF, foi parte do golpe.
Milagre?
Sem explicar o porquê, Fonseca escreve que o STF tinha se rendido às “tramoias da Lava Jato”. Como assim “se rendeu”. Todos sabem que o golpe foi dado “com Supremo, com tudo”. A corte fazia, e faz, parte do esquema golpista.
Sem nomear o santo, Fonseca apresenta o milagre de 2022, que “o comportamento do STF mudaria”. Mas qual teria sido o motivo? Por que o Supremo teria garantido “a Lula a disputa eleitoral, ao rechaçar tentativa de golpe bolsonarista, então condenado pelo ex-presidente americano democrata Joe Biden”?
Joe Biden, o democrata, é um dos articuladores, talvez o principal, do golpe de 2016. Ele era vice de Obama quando se revelou que os EUA estavam espionando Dilma Rousseff. Se Biden não queria Bolsonaro, é porque havia outro plano (ainda em andamento): o de colocar no poder um presidente mais fácil de manobrar.
É uma falsificação da realidade afirmar que a “era Biden segurou golpistas”. Os democratas nunca foram contra golpes, especialmente Joe Biden, responsável pela crise em Taiwan e na Ucrânia.
Confissão
Segundo o jornalista, “os militares golpistas, agora, em 2025, que tiveram amplo apoio de Trump em seu primeiro mandato(2017-2021), para garantir a exorbitância pela quartelada tupiniquim pro-bolsonarista, não tiveram, sob Biden(2021-2025), aliado de Lula, as chances de emplacar o golpe de 2023; com Lula, no poder, apoiado pela Casa Branca, as chances de quartelada, com apoio do Partido Democrata, ao qual o PT é ligado, arrefeceram-se”.
Fonseca está dizendo que Biden é/foi aliado de Lula; bem como acusa o PT de estar ligado ao partido que tramou o golpe de 2016 e a prisão do petista.
Essa adesão aos democratas é extremamente prejudicial ao PT, que se afasta da classe trabalhadora e se aproxima de seus piores inimigos.





