A missão humanitária Flotilha Global Sumud Flotilha composta por 46 barcos, mais de 500 ativistas de 44 países partiu no mês de agosto de Barcelona (Espanha) com destino à Faixa de Gaza. O objetivo da missão humanitária era furar o bloqueio naval imposto pelas FDI desde 2007, levar alimentos, água, medicamentos e demais ítens básicos para a população, criar um corredor humanitário e finalmente pôr fim ao genocídio em andamento.
No trajeto os ativistas presentes na Sumud Flotilha denunciaram, através das redes sociais, ataques de veículos aéreos não tripulados (VANTs), interrupção das comunicações e tentativas de intimidação por parte da marinha israelense. Contudo, as embarcações seguiram seu rumo e outras se somaram vindas de portos da Itália, Grécia e Tunísia.
Após cerca de um mês de viagem pelo Mar Mediterrâneo, as embarcações foram interceptadas ainda em águas internacionais a aproximadamente 130 km do destino. Na quarta-feira (1), os soldados sionistas deram início às interceptações seguidas de prisões dos ativistas. As imagens circularam amplamente pelo mundo e causaram manifestações de protestos em inúmeras cidades europeias.
Antes de proceder às interceptações, o Ministério das Relações Exteriores de Israel informou que solicitou à marinha que entrasse em contato com os participantes da flotilha, informando-os de que estavam se aproximando de uma zona de combate ativa e pediu “que mudassem o curso”. Os tripulantes mantiveram o objetivo de chegar à Gaza.
A última embarcação foi interceptada nesta sexta-feira (3). Uma série de medidas serão tomadas pelo sionismo contra os tripulantes, como deportação, processos criminais em “Israel”, prisões e impedimento de retornar ao território israelense por 100 anos. Conforme o jornal Times of Israel, todos os tripulantes estão sendo processados judicialmente.
Itamar Ben-Givir, Ministro da Segurança Nacional de “Israel”, publicou um vídeo nesta sexta-feira (3) na prisão de segurança máxima de Ktzi’ot e em seguida anunciou que este será o destino dos ativistas. Esta prisão é alvo de denúncias de torturas em âmbito internacional.
Os ativistas serão submetidos ao que Givir chamou de “tratamento de terroristas”. A Global Sumud Flotilha acusou Israel de interceptação ilegal das embarcações em águas internacionais e sequestros dos ativistas.
Os ativistas foram imediatamente levados para a prisão de Saharonim, localizada no deserto de Negev, sul do país. Parte da delegação brasileira da Flotilha Global Sumud anunciou o início de uma greve de fome e o uso do próprio corpo como forma de resistência aos sionistas. Entre os detidos estão 11 brasileiros, além de latino-americanos, asiáticos e europeus.
O cineasta Miguel Viveiros de Castro, brasileiro que participava da missão humanitária, está desaparecido desde que seu barco foi interceptado. Sua família pressionou o Itamaraty para que exija respostas sobre o paradeiro de Miguel. Três exigências são as principais: que seja reconhecido o desaparecimento, que as autoridades brasileiras atuem no sentido de esclarecer sua localização e que não sejam utilizados artifícios linguísticos como “possivelmente interceptado”.
A deputada federal Luizianne Lins (PT-CE) e Thiago Ávila permanecem sob custódia. Segundo informações de colegas do partido de Luzianne, esta se encontra incomunicável há mais de 40 horas. A parlamentar deve receber visita consular da Embaixada do Brasil nesta sexta-feira.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil se pronunciou através de uma nota condenando a interceptação das embarcações e cobrando a libertação imediata dos brasileiros presos. “O Brasil exorta o governo israelense a liberar imediatamente os cidadãos brasileiros e demais defensores dos direitos humanos detidos”, diz o documento.
Os advogados da Flotilha Global Sumud informaram que os réus estão sendo defendidos e apenas uma pequena parte assinou o protocolo “Pedido de Saída Imediata”. A assinatura deste protocolo implica no reconhecimento da tentativa de entrada ilegal em Israel e traz como resultados deportação imediata e o banimento por 100 anos.
Vários países emitiram notas de condenação das interceptações e prisões. A Espanha convocou o encarregado de negócios de “Israel” para uma conversa. O ministro das Relações Exteriores declarou que os detidos “não representavam nenhuma ameaça a ‘Israel’ a ninguém”.
O Reino Unidos destacou que “está muito preocupado” com a situação de Gaza e mencionou a “situação humanitária horrível”. A Austrália declarou ter ciência da prisão dos ativistas e disse querer “garantir que o tratamento humano e a segurança deles sejam respeitados.”
Georgia Meloni, primeira-ministra da Itália, declarou que 22 italianos participaram da Flotilha Global Sumud e disse que fará o necessário para trazê-los de volta. No entanto, esta criticou a flotilha e disse que a missão “não traz benefícios ao povo palestino”.
Os Estados Unidos expressaram uma posição diferente em relação aos demais países. A missão humanitária foi declarada como “uma provocação deliberada e desnecessária”. “Israel”, por sua vez, afirmou que os ativistas não estavam interessados em ajudar e sim em levar adiante provocações.
O governo brasileiro anunciou que fará uma denúncia formal contra “Israel” no Conselho de Direitos Humanos da ONU e conta com o apoio de 70 países, mas não indicou que adotaria nenhum tipo de sanção contra o país artificial.





