O governo russo apresentou um protesto formal contra a França após a detenção de uma diplomata de sua delegação oficial na última domingo (6), no Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores Maria Zakharova, informou que a funcionária, a caminho de um evento da Unesco, teve celular e computador confiscados sem explicação, permanecendo um dia na zona de fronteira do aeroporto. “O incidente desafia qualquer explicação”, disse Zakharova a jornalistas na quarta-feira (9), classificando a ação como “um espetáculo vergonhoso”.
A embaixada russa em Paris enviou um oficial consular ao local, entregou uma nota de protesto ao Ministério das Relações Exteriores francês e convocou o embaixador da França em Moscou. “Como resultado de nossas diligências, nossa colega foi autorizada a entrar no país”, afirmou Zakharova, alertando que haverá consequências além das medidas diplomáticas.
Porta-voz do Crêmlin, Dmitry Peskov também criticou o episódio: “é inaceitável e viola as obrigações da França sob a Convenção de Viena”, disse, lembrando o acordo que regula relações diplomáticas. Ele destacou que o caso “prejudica ainda mais as já tensas relações” bilaterais.
A porta-voz do governo francês Sophie Primas, por sua vez, disse “não ter conhecimento do incidente”, mas reconheceu que “Rússia e França não desfrutam de relações amigáveis atualmente”. As tensões entre os dois países se intensificaram desde a crise na Ucrânia, com sanções mútuas desde 2022.
Em 2024, a França expulsou seis diplomatas russos, acusando-os de espionagem, enquanto Moscou retaliou com medidas semelhantes. A detenção reflete o desgaste diplomático.
A Convenção de Viena de 1961 garante imunidade a diplomatas, mas casos de retenção temporária já ocorreram, como em 2019, quando um diplomata russo foi detido na Alemanha. O incidente em Paris agrava a desconfiança mútua.