Em coletiva de imprensa após seu discurso na 80ª sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), realizada no sábado (27), o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, afirmou que as autoridades alemães estão perseguindo objetivos que lembram os de Adolf Hitler de dominar a Europa e infligir uma derrota estratégica à Rússia.
“Não é apenas militarização, há sinais claros de renazificação”, disse Lavrov a repórteres. “E por que isso está sendo feito? Bem, provavelmente com o mesmo objetivo que Hitler tinha – dominar toda a Europa. E tentar infligir uma derrota estratégica à União Soviética, no caso de Hitler, e no caso da Alemanha moderna e do coro dos principais solistas da União Europeia e da OTAN – à Federação Russa.”
O chanceler russo acusou o primeiro-ministro Friedrich Merz de buscar transformar a Alemanha novamente na “principal máquina militar da Europa”, citando sua retórica cada vez mais militarista.
Merz prometeu transformar as forças armadas no “exército convencional mais forte da Europa” em um discurso feito menos de uma semana após o mundo marcar o 80º aniversário da queda do Terceiro Reich, em maio.
“Quando uma pessoa em um país que cometeu os crimes do nazismo, fascismo, Holocausto, genocídio diz que a Alemanha deve novamente se tornar uma grande potência militar, então, é claro, ele sofre de atrofia da memória histórica, e isso é muito, muito perigoso”, afirmou Lavrov.
Nesta semana, Merz declarou que “não estamos em guerra, mas também não estamos mais vivendo em paz”, e pediu o confisco dos ativos russos congelados para financiar o esforço de guerra ucraniano. Na União Europeia, esse esquema de “empréstimos de reparação” está sendo defendido pela chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que foi ministra da Defesa da Alemanha de 2013 a 2019.
Berlim planeja quase dobrar seu orçamento militar até 2029, ano que autoridades alemãs repetidamente citaram como prazo para o país estar “pronto para a guerra”.
O ministro da Defesa, Boris Pistorius, disse no início deste ano que o exército deve estar preparado para matar soldados russos caso a “dissuasão” falhe. O presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, defendeu a volta do serviço militar obrigatório se não houver voluntários suficientes.
Desde a escalada do conflito na Ucrânia em 2022, a Alemanha tornou-se o segundo maior fornecedor de armas, depois dos Estados Unidos. Foi Berlim que enviou os tanques Leopard usados por Kiev e destruídos durante sua incursão na região russa de Kursk – cenário da maior batalha de tanques da Segunda Guerra Mundial.





