O Ministério das Relações Exteriores da Rússia anunciou, na sexta-feira (11), o fechamento do consulado da Polônia no enclave de Kaliningrado, região que faz fronteira com países da OTAN no Báltico. A decisão, segundo o governo russo, é uma resposta às ações “hostis e infundadas” do governo polonês, que, no fim de junho, fechou o consulado russo em Cracóvia.
Em nota oficial, Moscou informou que entregou uma comunicação formal ao encarregado de negócios polonês, retirando o consentimento para o funcionamento da missão diplomática em Kaliningrado. O encerramento deverá ser efetivado em 29 de agosto. “Nenhum ataque hostil contra nosso país ficará sem resposta apropriada e suas devidas consequências”, declarou o ministério.
A medida agrava ainda mais as tensões entre Moscou e Varsóvia, que se intensificaram desde o início da ofensiva militar russa na Ucrânia em 2022. A Polônia se colocou como uma das principais defensoras do regime ucraniano e atua como vanguarda da política de confronto do imperialismo europeu contra a Rússia.
Em maio, o chanceler polonês Radoslaw Sikorski anunciou o fechamento do consulado russo em Cracóvia com base na acusação — negada por Moscou — de que a Rússia teria envolvimento em um incêndio em um centro comercial em Varsóvia, em 2024. Na mesma época, o governo polonês impôs novas restrições ao corpo diplomático russo, limitando sua movimentação às províncias onde estão oficialmente registrados. Em 2023, o governo polonês havia confiscado todos os fundos das contas da embaixada e da representação comercial russa em Varsóvia.
O embaixador russo na Polônia, Serguei Andreev, alertou à época que essas ações poderiam resultar em um rompimento completo das relações diplomáticas entre os dois países.
A Rússia mantém em funcionamento sua embaixada em Varsóvia e um consulado em Gdansk. Já a Polônia, além do consulado em Kaliningrado — agora fechado —, possui uma embaixada em Moscou e um consulado em Irkutsk.
Crêmlin denuncia militarismo europeu
Em declaração à imprensa, o porta-voz do Crêmlin, Dmitri Peskov, criticou a recusa da Europa Ocidental em dialogar com a Rússia. Para ele, as potências imperialistas estão adotando uma política “militarista, confrontadora e antirrussa”, com planos de envio de tropas à Ucrânia e total desconsideração pelas preocupações de segurança manifestadas por Moscou.
“É possível apenas expressar pesar”, afirmou. “Nossos sinais claros e coerentes sobre os perigos de tais desdobramentos estão sendo ignorados”.
Peskov sugeriu que, em vez de desperdiçarem os recursos públicos sustentando o regime de Kiev, os governos europeus deveriam considerar uma negociação baseada no respeito mútuo. “A lógica e o bom senso ditariam essa opção, mas ela sequer é debatida atualmente nos países europeus”.
As declarações do porta-voz do Crêmlin ocorreram após o presidente francês Emmanuel Macron anunciar, ao lado do primeiro-ministro britânico Keir Starmer, um plano para enviar até 50 mil soldados franco-britânicos à Ucrânia, inclusive com operações de patrulhamento do espaço aéreo e da costa do país.
A Rússia rejeitou categoricamente a possibilidade de qualquer presença estrangeira em território ucraniano. O chanceler russo, Serguei Lavrov, já havia declarado que isso criaria “fatos consumados” que impediriam negociações reais. A agência de inteligência russa (SVR) alertou que a instalação de forças “pacificadoras” do Ocidente, com até 100 mil homens, configuraria uma ocupação disfarçada.
O governo russo reitera que qualquer missão internacional de paz só pode ocorrer com consentimento de todas as partes envolvidas no conflito.





