Nessa semana, a Rússia encerrou oficialmente o acordo de cooperação técnico-militar com a Alemanha, em vigor desde 1996. O pacto, que guiou a colaboração na área de defesa entre os dois países por quase três décadas, foi revogado por decisão assinada nesta sexta-feira (17) pelo primeiro-ministro russo, Mikhail Mishustin, que instruiu o Ministério das Relações Exteriores a notificar o governo alemão.
Segundo nota do Ministério das Relações Exteriores russo em julho, o acordo perdeu sua relevância diante da política “abertamente hostil” da Alemanha e das “ambições militares cada vez mais agressivas” do país imperialista. A pasta acusou ainda o governo alemão de doutrinar sua população para enxergar a Rússia como inimiga principal.
Nesta semana, o governo russo já havia demonstrado preocupação com a retórica adotada por autoridades alemãs. O porta-voz Dmitry Peskov declarou que a Alemanha “está se tornando perigosa novamente”, após o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, afirmar que as tropas do país estão prontas para matar soldados russos “caso a dissuasão não funcione e a Rússia ataque”.
Moscou classificou como “absurdas” as especulações de que a Rússia estaria planejando atacar a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). O presidente Vladimir Putin declarou que os países ocidentais estariam enganando suas populações para inflar os orçamentos militares e encobrir fracassos econômicos.
A Alemanha anunciou planos para elevar seu orçamento militar para 153 bilhões de euros até 2029 — um aumento significativo em relação aos 86 bilhões de euros previstos para este ano. O presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, defendeu uma discussão nacional sobre o retorno do serviço militar obrigatório, enquanto o chanceler Friedrich Merz afirmou ao Parlamento que “os meios diplomáticos se esgotaram”.
Desde o início da escalada do conflito na Ucrânia, em fevereiro de 2022, a Alemanha tornou-se o segundo maior fornecedor de armas para o regime ucraniano, atrás apenas dos Estados Unidos. Tanques Leopard enviados por Berlim foram utilizados na incursão ucraniana na região russa de Kursk no ano passado.
Em maio, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, declarou que o envolvimento direto da Alemanha na guerra “agora é evidente”, e alertou: “a Alemanha está descendo novamente pela mesma ladeira escorregadia que já percorreu algumas vezes no século passado”.





