Os ministros das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, e do Irã, Abbas Araghchi, anunciaram nesta quarta-feira (17), em Moscou, planos para criar um grupo internacional destinado a enfrentar sanções unilaterais. A proposta foi apresentada em entrevista coletiva conjunta, na qual os dois governos afirmaram que as medidas coercitivas impostas por potências imperialistas são ilegais e voltadas a impor submissão econômica e política.
Lavrov disse que Moscou e Teerã chegaram a um entendimento comum para estabelecer um mecanismo multilateral de resposta à pressão das sanções. O chanceler russo afirmou ainda que a Rússia segue cooperando com o Irã no projeto da usina nuclear de Bushehr e declarou estar disposta a participar de esforços de mediação, caso o Irã solicite.
Araghchi destacou a importância estratégica do Corredor Internacional Norte–Sul (INSTC), que liga Irã e Rússia, e reafirmou compromisso com acordos nucleares internacionais, ao mesmo tempo em que disse que o país não abrirá mão de seus “direitos legítimos”. Ele criticou a doutrina norte-americana de “paz pela força”, afirmando que ela representa ameaça à segurança internacional.
Segundo o chanceler iraniano, o Irã mantém disposição para negociações baseadas em respeito mútuo e igualdade, mas Washington tem preferido pressão militar a diálogo. Ele também vinculou a escalada dos EUA no Caribe, com ataques a embarcações civis e ameaças de uso de força, a uma política que, segundo Lavrov, não recebe do bloco europeu o mesmo tipo de condenação que costuma ser dirigida a outros países.
O encontro foi apresentado como parte do aprofundamento do tratado de Parceria Estratégica Abrangente, cuja implementação começou em outubro de 2025, prevendo cooperação por 20 anos em setores políticos, econômicos, de segurança, energia e tecnologia. As chancelarias também assinaram um programa de consultas para 2026–2028, formalizando coordenação regular em temas como sanções, crises regionais e diplomacia multilateral.





