Na edição de 21 de outubro da Análise da 3ª, Rui Costa Pimenta, presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), classificou a prisão do ex-presidente francês Nicolas Sarkozy como um “ajuste de contas no interior da política burguesa”, sugerindo uma intensa divisão e falta de consenso na burguesia diante do “desmoronamento do governo [de Emmanuel] Macron”. Ele assinalou que a situação aponta para uma visível politização do judiciário francês, comparando o caso ao de Marine Le Pen, tornada inelegível por acusações de corrupção. Para Pimenta, a condenação de candidatos que poderiam fazer sombra ao governo Macron é um sintoma do colapso da democracia burguesa, a qual, em suas palavras, “é coisa do passado, não existe mais”.
A análise seguiu para o papel do Partido Socialista francês na Frente Popular. Pimenta destacou a traição Partido Socialista, que, após compor o bloco, decidiu apoiar o governo Macron em troca de um adiamento da reforma da previdência. Segundo Rui Pimenta, isso representa o “fim da Frente Popular” e a cooptação da ala direita do bloco.
Após o debate sobre a situação francesa, o programa da Rádio Causa Operária passou a discutir a ascensão do movimento operário britânico. Rui Costa Pimenta considerou o movimento em torno da fundação do Your Party, partido de Jeremy Corbyn, como uma “reviravolta muito grande e muito positiva na política mundial”. Ele ressaltou que, em um dos principais países imperialistas, surge uma alternativa de esquerda ligada à classe operária, baseada na independência de classe, opondo-se às alianças com a burguesia vistas no Brasil.
Segundo Pimenta, o surgimento do partido de Corbyn, somado à postura de independência de Jean-Luc Mélenchon na França e ao movimento de Sara Wagenknecht na Alemanha, configura uma “tendência política mundial”. Para ele, “da crise está emergindo uma alternativa de esquerda que pode se transformar numa alternativa proletária e até eventualmente revolucionária”. Essa tendência, baseada na luta da classe operária, difere dos nacionalismos burgueses da América Latina, como o chavismo ou o kirchnerismo.
Rui Costa Pimenta também discutiu a situação nos Estados Unidos, dando destaque ao fato de que o Partido Comunista Americano (ACP) boicotou as manifestações “No Kings”. O presidente do PCO elogiou a decisão, afirmando que “não tem que participar de manifestação organizada pelo Partido Democrata”.
O programa dedicou a parte final para responder a perguntas dos ouvintes, focando em temas nacionais e no avanço do ativismo judicial.
O ápice do debate judicial foi a condenação de indivíduos pelo crime de “fake news” e por “ataque às urnas eletrônicas”. Pimenta classificou a decisão como “absurda” e “coisa de maluco”, ressaltando que criticar instituições e processos eleitorais não deveria ser considerado crime em um país democrático.





