Na Análise Política da Semana deste sábado (8), transmitida pela Causa Operária TV, o presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, iniciou o programa discutindo a derrubada do artigo 19 do Marco Civil da Internet. Ele criticou, em primeiro lugar, o fato de que a legislação não emanou dos parlamentares: “o Brasil é o país onde o legislador não legisla, está? Quem legisla é o juiz”, disse.
O presidente do PCO denunciou a atuação do STF, que, segundo ele, “sem motivo, sem causa alguma, vamos dizer assim, acabou com o artigo 19 do Marco Civil da Internet”, que garantia isenção às plataformas pelo conteúdo de terceiros.
A nova regra é absurda, pois, “no que diz respeito à defesa da honra (…) se houver uma denúncia, uma notificação extrajudicial, a empresa está obrigada a retirar aquele conteúdo”, explicou Pimenta. Ele citou o exemplo de críticas recentes a autoridades: “basta que você fale que fulano é o ‘Derrite-Hitler’, que ele venha, notifique a rede e caiu a postagem”. O resultado, alertou, será de “consequências imensas para o debate político no país. Ninguém vai poder criticar ninguém”.
Em uma de suas cláusulas mais perigosas, a lei aborda o problema do terrorismo, um termo “muito, muito abrangente.” Para Pimenta, as “FARC podem ser rapidamente encarada como organização terrorista”. Ele mencionou que mesmo organizações criminosas como o Comando Vermelho estão sendo cogitadas como “organizações terroristas” por setores da política nacional.
O líder do PCO concluiu que se trata de uma “lei draconiana de censura” que marca o início da “era da censura total”. A perseguição, ressaltou, será muito mais dura “contra os trabalhadores, os movimentos de luta”. Pimenta lembrou que o PCO já sofreu as consequências, com canais desmonetizados e publicações derrubadas “por pressão do sionismo”.
Rui Costa Pimenta destacou o resultado de uma pesquisa sobre a atuação dos partidos políticos na internet, que colocou o PCO em segundo lugar em atividade no X (antigo Twitter), atrás apenas do PT.
“Esse dado ele é significativo porque ele mostra que não é só a direita que tem que ser derrubada, a esquerda também tem que ser derrubada”, afirmou, reforçando que a nova legislação visa “frear a influência revolucionária nas redes sociais”.
Ao analisar o cenário internacional, Pimenta criticou a eleição do prefeito de Nova Iorque, um cidadão que seria um “esquerdista islâmico”. Ele reprovou a reação da esquerda brasileira, que viu na vitória um exemplo de que “o milagre é possível“, e que “vamos mudar o Brasil”. O dirigente questionou a origem do apoio ao eleito: “ele é um defensor do povo trabalhador? (…) Não, ele é um esquerdista financiado pelo, hoje em dia, pelo filho do George Soros, o Sorinho.”
Rui Pimenta classificou George Soros como “a pessoa que tem no currículo o maior número de golpes de estado que foi dado no século XX”. A política de Soros é de “genocídio econômico” (neoliberalismo), segundo o presidente do PCO. Ele citou dados alarmantes do Brasil, onde, “na época do Fernando Henrique Cardoso, o grande governo neoliberal no Brasil, morriam 50 crianças por dia”.
“Essas pessoas são inimigos da humanidade”, declarou Pimenta sobre os especuladores. Pimenta concluiu que a eleição de um candidato de esquerda financiado por Soros é uma farsa, pois o real mérito do candidato é ser apenas “anti-Trump”.
Pimenta dedicou parte de sua análise ao caso do Rio de Janeiro e às declarações do senador petista Fabiano Contarato, relator da CPI do Crime Organizado. Contarato defendeu que o “campo progressista não pode romantizar o enfrentamento ao crime.”
Rui Pimenta classificou a posição de Contarato como “hipócrita”, pois a figura do “bandido popular” é um fenômeno histórico e uma reação a governos tirânicos. “O problema não é que o pessoal vai romantizar o Comando Vermelho”, mas sim que “não dá para você entrar na favela atirando e matando todo mundo”, destacou Pimenta.
Ele reforçou que a esmagadora maioria da esquerda é “contra o que aconteceu no Morro do Alemão e na Penha, porque isso é selvageria política”.
“A preocupação com a segurança pública é da direita e dos conservadores e da extrema direita”, afirmou Pimenta. Ele argumentou que a burguesia “quer matar o povo de fome e não quer reação de nenhum tipo” e que a criminalidade é “um tipo de reação a essa situação”.
“A segurança pública é uma política de direita”, disse, e o que o senador do PT está propondo é, na verdade, “aumentar a repressão contra o povo”.
Pimenta trouxe dados sobre a criminalidade no país. “A pesquisa mostrou que o encarceramento no Brasil (…) é de 947 mil pessoas”. Somando-se todos os envolvidos, ele estima que o crime atinge cerca de “5 milhões de pessoas”. Sob este cenário, a política de repressão é uma “política de terror” ineficaz, pois “se você tem 1 milhão de pessoas na cadeia (…), não está dando certo”.
Pimenta também desmantelou a tese de que a polícia protege o povo pobre: “a presença da polícia na favela é sempre um movimento, uma operação de terror contra a população da favela, nunca uma defesa”. O dirigente compartilhou experiências pessoais de violência urbana, onde foi assaltado “mais de uma dúzia de vezes”. “A polícia nunca me serviu de nada”, disse. “A polícia não tem efetivo suficiente para acompanhar tudo isso. Essa a realidade é essa”.
Sobre o recente massacre no Rio de Janeiro, Pimenta foi enfático: “o que aconteceu no Rio de Janeiro foi uma selvageria”. Ele criticou duramente o fato de que, em um país que se diz democrático e sob o “Estado de direito,” se permita uma chacina onde “eles entraram lá, mataram 130 pessoas”.
A análise de Pimenta ligou o caso do Rio de Janeiro à crise política internacional. Segundo ele, o “regime dito democrático está caindo aos pedaços” por ser a “cobertura da política criminosa” e genocida do capitalismo neoliberal.
Como resposta ao esgotamento, a burguesia busca “colocar uma outra máscara no lugar, que é a máscara da esquerda revolucionária”, uma forma radical de colaboração de classes. Ele citou a ascensão de figuras como Boric no Chile, que dão a aparência de um “deslocamento à esquerda” sem alterar o conteúdo.
Essa política de aliança da esquerda com o imperialismo é classificada por Pimenta como a política de Frente Popular, especificamente a “versão mais direitista” onde “os partidos de esquerda vão fazer o serviço do imperialismo”.
No cenário internacional, Pimenta criticou a atitude do governo ucraniano de não ordenar a rendição de 5 mil soldados cercados pelos russos, acusando-os de “quererem forçar os russos a matar esses 5 mil”.
Ele também mencionou a morte de Dick Cheney, ex-vice-presidente dos EUA e “um dos arquitetos da política de invasão e ocupação do Iraque”, onde o imperialismo matou “por baixo 2 milhões de pessoas”. Pimenta afirmou que Cheney foi um dos responsáveis por introduzir uma “nova política de recuperação do poderio militar do imperialismo”, uma tendência que leva o mundo “à beira de uma guerra generalizada”.
Pimenta fez um apelo final pela campanha em defesa da companheira Natália, cuja situação de saúde é “muito delicada”. O problema é a negação do Judiciário em aprovar a compra de um remédio, apesar de mais de 8 mil assinaturas já terem sido coletadas em apoio.
Ele criticou a Justiça por alegar falta de dinheiro:
“Nós não temos que pensar no dinheiro. Nós temos que pensar no ser humano, na pessoa.”
Pimenta sugeriu:
“Tira dos bancos. Os bancos recebem metade do orçamento federal.”





