Nessa segunda-feira (24), foi ao ar mais uma edição da Análise Internacional, com Rui Costa Pimenta e Robinson Farinazzo. Na ocasião, foi discutido não só a crise na Alemanha diante dos resultados eleitorais, como também a crise do imperialismo na Ucrânia e muito mais.
O crescimento da extrema direita e da esquerda radical na Alemanha evidencia uma profunda crise política no país. Segundo Pimenta, presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO), o aumento dessas forças ocorre porque os partidos tradicionais já não têm nada a oferecer à população. “São os partidos da guerra, da economia neoliberal, da destruição da economia alemã”, afirmou.
O resultado eleitoral recente na Alemanha demonstrou que o debate sobre fraude e manipulação nas eleições não pode ser interditado. O presidente do PCO destacou que o sistema eleitoral foi moldado para favorecer a coalizão governante e evitar a ascensão de novas forças políticas. “Se a Wagenknecht ultrapassasse a cláusula de barreira, os polos extremos da eleição teriam 25% dos parlamentares”, apontou, referindo-se ao partido de esquerda dissidente de Sahra Wagenknecht.
O colapso econômico da Alemanha Oriental após a reunificação foi um fator determinante para o atual cenário. O regime socialista oferecia pleno emprego, moradia, saúde e educação, enquanto a incorporação ao capitalismo resultou na destruição da indústria e no empobrecimento da população. “A maioria das pessoas acabou na assistência social. Foi uma queda dramática no nível de vida da população da região”, explicou Rui.
Ele ressalta que o crescimento da extrema-direita não é um fenômeno ideológico, mas sim um reflexo direto da crise do capitalismo. “Esses partidos falam o que o povo quer ouvir — a extrema direita e a esquerda radical. Os outros, com palavras bonitas, apenas pedem às pessoas que aceitem a situação degradante”, criticou. Enquanto isso, a esquerda brasileira ignora esses processos, recusando-se a compreender a gravidade da crise política europeia.
Turquia sobrevive em meio à pressão imperialista
Outro tema abordado por Pimenta foi a situação da Turquia, país que enfrenta enormes desafios políticos. Ele criticou a ideia de que o presidente Recep Tayyip Erdogan estaria conduzindo uma política expansionista inspirada no antigo Império Otomano. “Isso não é uma política ofensiva, é uma política defensiva — uma ‘fuga para a frente’. Eles precisam atuar na política regional para sobreviver”, explicou.
A Turquia se encontra em uma posição estratégica crucial, controlando o acesso ao Mar Negro e fazendo fronteira com países em conflito, como Síria e “Israel”. Além disso, enfrenta pressões diretas do imperialismo, que busca controlar suas decisões políticas e militares. “Os problemas da Turquia são muito grandes. Se eles não tomarem cuidado, o país pode ser destruído totalmente”, alertou Rui.
A questão curda é um dos principais desafios do governo turco, somada à fragilidade econômica e à ausência de um arsenal nuclear, o que limita sua capacidade defensiva. “É preciso separar a retórica ‘neo-otomana’ da realidade. A realidade é que o país é fraco e está colocado no olho do furacão. Tudo é problema, basta olhar o mapa”, concluiu.