A Análise da 3ª desta semana, transmitida no dia 2 de setembro, começou com a discussão sobre a decisão de Donald Trump de demitir um dos governadores do Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, expondo uma contradição aparente entre a política neoliberal de Trump e sua exigência de baixar os juros para impulsionar a economia. Rui Costa Pimenta analisou a situação, classificando a medida como “inusitada”, mas defendendo que se trata de um embate contra uma “instituição antidemocrática”.
Segundo o presidente do PCO, a independência dos bancos centrais é uma “farsa”, pois essas instituições “fazem exatamente aquilo que os banqueiros querem”. Ele argumentou que, ao ser eleito, Trump tem uma legitimidade popular que falta aos governadores do Fed, que “não foram eleitos por ninguém”. Pimenta recusou a acusação de “autoritarismo” por parte de Trump, dizendo que “autoritarismo é o Banco Central tomar decisão sem ser eleito. Isso que é autoritário”.
Sobre o caráter da política de Trump, Rui Costa Pimenta negou que seja neoliberal. Para ele, é uma “política que se assemelha à política desenvolvimentista que a gente viu na América Latina”, com “protecionismo da indústria nacional, com tarifas altas”, e a busca por “impulsionar o crescimento econômico”. O aspecto positivo, na visão de Pimenta, é que essa política “vai na contramão da política geral do imperialismo e dos bancos”. No entanto, ele ressaltou a necessidade de cautela, pois fortalecer a economia de uma nação imperialista “não é uma coisa que a gente possa dizer que tem um caráter progressista”.
A análise se moveu para a França, onde o governo de François Bayrou enfrenta um voto de confiança, e a extrema direita e a esquerda se unem para derrubá-lo. Ambos os blocos se opõem aos cortes de gastos e ao aumento do orçamento militar. Rui Costa Pimenta interpretou esse movimento como um “colapso dos regimes ditos democráticos”.
Ele explicou que a “democracia” burguesa não atende às necessidades da população, sendo apenas uma “cortina de fumaça” para que os grandes capitalistas explorem o povo. Rui Costa Pimenta comparou o regime a uma “anestesia” para que a vítima não reaja à violência. Ele afirmou que a ascensão da extrema direita é um “resultado direto” da miséria causada pela política neoliberal. A queda do governo francês, segundo Pimenta, poderá ter um “efeito dominó” e poderia desarticular o “esforço que está sendo feito no sentido do rearmamento” da Europa. A união da extrema direita e da esquerda nesse ponto demonstra um ponto em comum de oposição à “guinada política dos países europeus em rumo à guerra”.
O debate no Brasil centrou-se no julgamento de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). Rui Costa Pimenta criticou duramente o que chamou de “insegurança jurídica crescente no Brasil”, afirmando que o país “não tem mais lei” e é dominado por um sistema judiciário que “tem carta branca para fazer qualquer loucura”.
A principal crítica foi direcionada ao papel do STF no julgamento do dia 8 de janeiro. Rui Costa Pimenta classificou o processo como uma “manipulação”, comparável aos julgamentos do Mensalão e da Lava-Jato. Ele chamou o caso de “justiça criativa” ao se referir a um comentário de um analista da Globo News, Otávio Guedes, de que não havia prova direta contra Bolsonaro, mas que o 8 de janeiro não teria ocorrido sem ele. “É ridículo”, disse Rui, argumentando que a justiça deve julgar atos, não personalidades, e que deve haver uma relação direta entre o réu e o crime. A participação de Alexandre de Moraes como vítima e juiz do caso foi descrita como “uma coisa escandalosa”.
A reportagem também abordou a cobertura da imprensa internacional, como o New York Times e a revista The Economist. O New York Times, por exemplo, apesar de reconhecer que o Brasil teria conseguido algo que os EUA não conseguiram ao julgar um ex-presidente, levantou “questões constrangedoras” sobre a Suprema Corte brasileira, destacando os “poderes extraordinários” do STF e a prisão de pessoas “sem julgamento”. Rui Costa Pimenta interpretou isso como uma “malandragem” da imprensa imperialista, que não pode se comprometer com as “barbaridades” do STF, mas justifica que a violação da lei era “necessária” para “proteger a democracia”. A capa da Economist, que declarava que o Brasil estava dando uma “lição em maturidade democrática” aos EUA, foi vista como um “chamado à ditadura”, uma indicação de que o imperialismo está em uma situação tão delicada que a única solução para o “populismo” seria o “fechamento do regime político”.





