A entrevista de Rui Costa Pimenta à TV 247 desta sexta-feira (5) começou com a pergunta de um telespectador: Lula está perdendo o bonde da história?
O presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO) respondeu que essa é uma “maneira de expressar o problema”. Segundo ele, a política do Partido dos Trabalhadores (PT) sempre teve uma ambiguidade, com “um pé no nacionalismo, um pé numa série de mitos políticos do imperialismo (democracia, ONU, ordem internacional)”.
Pimenta argumentou que, com a polarização e a radicalização da situação política, a margem de manobra para esse “jogo de equilibrismo” diminui. Ele afirmou que o presidente Lula, por uma série de circunstâncias, “está sendo obrigado a se apoiar sobre o imperialismo, o que é uma política equivocada e que pode terminar esgotando o PT como partido de esquerda no Brasil”.
A condenação de Jair Bolsonaro foi outro ponto central na entrevista. Para Pimenta, o julgamento é um “circo” e não um julgamento de verdade. “Todo mundo sabe que o Bolsonaro vai ser condenado… O homem está condenado já”, disse, reforçando que o processo tem objetivos puramente eleitorais. Ele citou o advogado de defesa de Bolsonaro, que denunciou a falta de acesso a documentos do processo, o que Pimenta classificou como “completamente escandaloso”.
A estratégia do grande capital, na visão de Pimenta, é clara: tirar Bolsonaro da eleição para abrir caminho para Tarcísio de Freitas. Ele descreve a ascensão de Tarcísio como uma “jogada muito bem pensada”, onde Tarcísio precisa do apoio de Bolsonaro para ter alguma chance nas eleições presidenciais. Ele vê a aliança entre os dois como uma “operação política criminosa”, onde Bolsonaro é usado como um fantoche para transferir seus votos em troca de uma eventual anistia.
Pimenta destacou a periculosidade de uma eventual vitória de Tarcísio: “o governo Tarcísio, se acontecer, vai ser muito pior do que o governo Bolsonaro”. Ele o compara a Javier Milei na Argentina, alertando para um “terremoto político e econômico no Brasil” com privatizações e ataques aos direitos trabalhistas e a aposentadoria — uma política neoliberal selvagem.
Para Rui Costa Pimenta, o Supremo Tribunal Federal (STF) não está defendendo a democracia, mas agindo como uma “espécie de arma do grande capital para controlar o regime político”. Ele argumenta que o Judiciário e a imprensa criaram o “mito” de que o STF defende a “democracia”, enquanto censura e ataca o direito à defesa. O presidente do PCO criticou ainda a ingenuidade da esquerda, que “embarcou nisso” e “acha que isso que o a luta contra o bolsonarismo aqui é uma espécie de guerra, é uma espécie de batalha de Stalingrado, o que mostra a falta de realismo do pessoal”.
Para Pimenta, “a esquerda, tanto a petista, a PSOL, PCdoB, tanto uns como outros, estão sendo manipulados em favor dos interesses do grande capital associado ao imperialismo”. Ele reforçou a ideia de que o bolsonarismo é um “espantalho” usado para assustar a esquerda e fazê-la apoiar políticas que, no final das contas, favorecem a burguesia e o imperialismo.





