A entrevista de Rui Costa Pimenta à TV 247 da última sexta-feira (8) começou com a discussão sobre o posicionamento da embaixada dos Estados Unidos no Brasil, que publicou uma mensagem considerada uma “clara ameaça” aos ministros do STF. A mensagem sugeria que ministros que se alinhassem a Alexandre de Moraes poderiam ser alvos de sanções pela Lei Magnitsky.
Rui Costa Pimenta criticou a Lei Magnitsky, classificando-a como uma ferramenta de intimidação e ingerência do imperialismo norte-americano. Ele afirmou que essa lei foi criada “para atacar os russos” e que seu uso no Brasil configura “uma interferência do imperialismo nos países oprimidos”, independentemente de suas críticas ao STF ou a Alexandre de Moraes. Ele também minimizou o impacto imediato da medida, classificando-a como um “instrumento de poder mais ameno” e não um “terrorismo via embaixada”, como sugerido por uma espectadora. “É um instrumento diplomático, não é a mesma coisa que um bloqueio total do país, não é a mesma coisa que uma invasão militar”, declarou.
Pimenta também criticou a reação do Itamaraty, afirmando que o governo brasileiro “errou desde o começo ao estabelecer negociação com Trump”. Para ele, “na medida em que haja uma tentativa de interferência na política nacional, o governo deveria ter rejeitado qualquer tipo de negociação”. O presidente do PCO defendeu que o governo brasileiro deveria ter sido mais duro e não ceder a pressões, que, na sua visão, estão ligadas ao “medo de perder dinheiro” de setores da burguesia.
O debate avançou para a análise da reação dos ministros do STF à pressão norte-americana. Pimenta destacou vários sinais de uma capitulação, como a ausência de metade dos ministros em um jantar de apoio a Alexandre de Moraes, a recusa de seis ministros em assinar uma nota de apoio ao colega e a notícia sobre uma possível antecipação da aposentadoria de Luís Roberto Barroso.
Ele descreveu a suposta renúncia de Barroso como uma “capitulação medonha”, caso se concretize. Pimenta também mencionou que a imprensa brasileira, incluindo veículos como o Estado de S. Paulo e a Folha de S.Paulo, tem mostrado uma “guinada gradual em direção à crítica do STF”, o que não acontecia até recentemente.
Pimenta argumentou que a fraqueza demonstrada pelos ministros diante da Lei Magnitsky é “muito vergonhosa” e que eles estariam cedendo por “muito pouca coisa”. Ele ressaltou que a ameaça de perderem vistos e acesso a contas bancárias é “perfumaria” para o tamanho da questão política. “Se você vai deixar de defender o país por causa de um cartão de crédito, você não devia nem ter assumido o cargo”, afirmou.
O presidente do PCO também analisou o papel de Jair Bolsonaro e o surgimento de Tarcísio de Freitas como uma nova liderança da direita. Ele expressou que “o Bolsonaro não desistiu” de ser candidato em 2026, o que, em sua visão, “destrói o plano Tarcísio”.
Pimenta argumentou que a prisão de Bolsonaro o tornou mais popular e que a burguesia teme um “levante geral do bolsonarismo” se as tensões escalarem. Ele enfatizou que a burguesia prefere Tarcísio porque a política de Bolsonaro não é “a política neoliberal”, e que o ex-presidente é um poder político que, diferentemente do que a esquerda pensa, “está crescendo”.
A análise de Pimenta sobre o bolsonarismo se estendeu à sua forma de atuação política. Ele criticou a esquerda por “deslegitimar” a ocupação do Congresso Nacional pelos bolsonaristas, comparando o episódio a ações passadas do próprio PT. Ele defendeu que a direita age com “mais iniciativa” e “mais agressividade” por ter a “autoestima” de quem faz parte da burguesia, enquanto a esquerda é “tímida” e “conciliadora”.
O presidente do PCO expressou preocupação com a postura do PT e do governo Lula, acusando-os de se apoiarem excessivamente no STF. “Eles não soltam a mão do STF porque eles não têm outra coisa para fazer”, disse Pimenta. Ele alertou que, se o Supremo capitular diante de Trump, o PT ficará “desamparado”. “Fica todo esse negócio, para você prender o Bolsonaro, prender o Bolsonaro, prender o Bolsonaro. Se prender o Bolsonaro, a ameaça se torna mais real, não menos real”, observou.





